Externalidade: analisando os efeitos indiretos que uma empresa pode causar

Muitas vezes, investir não se resume apenas a analisar balanços e dados financeiros. Principalmente quando falamos de longo prazo, o investidor pode considerar uma série de outros fatores antes de tomar sua decisão, como a externalidade.

Nem sempre a externalidade é um aspecto muito claro em um negócio – mas muitas pessoas podem levá-lo em conta antes de investir. Nesse artigo, vamos explicar o que é externalidade e como ela está presente em qualquer atividade econômica.

O que é externalidade?

Externalidade é a consequência indireta que uma atividade pode produzir sobre terceiros. Ela ocorre quando um efeito externo é causado sobre quem não possui relação direta com a ação.

Existem dois:

  • Externalidade positiva: Quando a atividade proporciona ganhos indiretos, produzindo um resultado benéfico para terceiros.
  • Externalidade negativa: quando a atividade causa prejuízos indiretos, produzindo um resultado maléfico para terceiros.

A externalidade é um conceito basicamente econômico, originado da microeconomia. Porém, seus efeitos são objeto de estudo em várias áreas, como:

  • Direito;
  • Meio ambiente;
  • Política e administração pública;
  • Gestão de riscos;
  • Análise financeira e de investimentos

Exemplo de externalidade

Para exemplificar o conceito de externalidade, vamos analisar a instalação de uma nova indústria em uma cidade.

Quando começar a produzir, essa indústria pode gerar algum tipo poluição – seja do ar, da água ou de resíduos.

Ou seja, a indústria causará uma externalidade negativa na região, poluindo o meio ambiente e comunidade que mora ao redor.

Porém, a instalação dessa mesma empresa geraria empregos, estimulando a economia regional. Isso aumentaria a renda não só dos empregados da indústria, mas de toda a comunidade ao redor, beneficiando seus moradores.

Ou seja, por outro lado, a indústria também geraria uma externalidade positiva no local.

A solução nesse caso, seria balancear esses efeitos, amenizando as efeitos negativos (poluição) para que prevaleçam as efeitos positivas (emprego).

O caminho para isso, normalmente, passa pelo poder público, com leis e regulações para que a indústria funcione sem prejudicar a região.

Considerando a externalidade ao analisar empresas

Ao investir, a ideia é sempre procurar por empresas com ótimos fundamentos, boa geração de caixa e que proporcione lucros consistentes para seus acionistas.

Mas se você não concordar com a atividade da empresa, ou achar que seu negócio é nocivo para a sociedade, faz sentido ser sócio dela?

Ao mesmo tempo, uma empresa pode não ser a mais lucrativa do mercado – mas se ela tiver um negócio sustentável, que não cause danos a ninguém e que possa beneficiar a sociedade no futuro, talvez ela passe a ser vista com bons olhos.

Querendo ou não, todo negócio vai criar externalidades. Dependendo do tamanho e do tipo de efeito produzido, ela vira um fator importante para avaliar se a empresa é boa ou não.

Externalidades produzidas por empresas

Confira alguns exemplos negócios que geram externalidades positivas e negativas:

Externalidades negativas:

  • Empresas poluentes (indústrias, petróleo, carvão);
  • Empresas extrativistas (mineração, indústria madeireira);
  • Empresas de cigarros, bebidas e demais produtos prejudiciais à saúde;

Externalidades positivas:

  • Empresas ambientalmente sustentáveis (reflorestamento, energia limpa, atividade não-poluente);
  • Empresas disruptivas, de alta tecnologia e inovação;
  • Empresas de educação (escolas, universidades);
  • Empresas de saúde e bem-estar (farmacêuticas, hospitais, academias);
  • Empresas com responsabilidade social (apoiam fundações, projetos, ONGs);

É importante lembrar que, na maioria das vezes, a avaliação passa pelas convicções de cada um.

Uma pessoa pode ser contra a venda de armas, por exemplo. Logo, para ela a indústria armamentista é uma geradora de externalidades negativas.

Se outra pessoa for favorável a esse tipo de negócio, essa pode ser uma externalidade positiva.

Conclusão

Esse é bastante discutido em economia, mas ainda pouco abordado nas teorias financeiras e administrativas.

Além de analisar os fundamentos de uma empresa, faz sentido pensar também nos efeitos que vão além do negócio, avaliando qual externalidade, tanto positiva quanto negativa, ela pode produzir.

ACESSO RÁPIDO
Tiago Reis
Compartilhe sua opinião
1 comentário

O seu email não será publicado. Nome e email são obrigatórios *

  • Aloízio Ângelo 29 de julho de 2019
    Tiago, Posso considerar como uma externalidade ambiental a não definição dos preços da água (em volumes) utilizada para a fabricação de refrigerantes, como a coca-cola, por exemplo? Imaginemos que houvesse um valor definido (custo em reais) cobrado por litro de água utilizado (produção e produto), a fabricação de refrigerantes ou cerveja, seria viável? Conhece alguma referência de leitura específica? Desde já obrigado.Responder