Os acontecimentos recentes mostram porque afirma-se que empresas estatais só devem ser compradas de graça.
A Petrobras vinha seguindo sua política de reajustes de preços diários, que, ao ser implementada, trouxe retornos positivos ao balanço da empresa.
A política consiste, basicamente, em adequar o preço do produto diariamente com base no preço da matéria-prima.
Esta política, embora tenha contribuído com os resultados da petroleira, pesou no bolso de muitos brasileiros.
Com o aumento do preço nos postos de combustíveis muitas pessoas e empresas que demandam combustível se mostraram insatisfeitas.
A insatisfação seguiu calma até esta semana, quando explodiu com a greve dos caminhoneiros.
Além da greve, foram bloqueadas rodovias em diversos estados do Brasil.
A situação causou transtornos em todo o país, com a gasolina faltando em alguns postos, e um súbito aumento do preço.
Em Recife, a gasolina chegou a ser negociada pelo valor de R$ 8,99 o litro.
Com a pressão em toda a sociedade tornando-se cada vez maior, os políticos passaram a entrar em cena buscando a imagem de “salvador da pátria”.
De repente a Petrobras, e o seu presidente Pedro Parente, tornaram-se os alvos preferidos dos políticos.
O vice-presidente do senado Cássio Cunha Lima (PSDB-SP) chegou a proferir em um vídeo que a primeira medida para estancar a crise seria demitir Pedro Parente.
Pedro Parente, vale ressaltar, foi um dos responsáveis pela redução da alavancagem da estatal, e por tornar a empresa novamente lucrativa.
A companhia, inclusive, em 2018 anunciou o primeiro pagamento de dividendos desde 2014, quando teve que ser interrompido devido à grave crise financeira que a empresa atravessava.
A Resposta da Petrobras face o aumento dos preços
A Petrobras, então, já no final do dia 24 de maio anunciou a redução do preço do diesel em 10% e o congelamento do preço por 15 dias.
Pedro Parente afirma que a decisão não teve influência política e foi tomada exclusivamente pela diretoria da Petrobras.
Porém, sabemos que o controlador da empresa é o Governo Federal, e que o fim desta situação delicada é do maior interesse do governo. Ainda, a política de reajustes estava a ajudar o balanço da Petrobras. Portanto, esta foi uma medida que foi de encontro aos interesses dos políticos, e contra os interesses dos acionistas da empresa.
Já como reflexo desta medida de congelamento dos preços, a ação da empresa despencou mais de 10% no mercado americano, após um dia de queda forte queda no Brasil.
Não julgaremos aqui o mérito do aumento de combustíveis, mas, sabemos que fosse a Petrobras uma empresa privada e totalmente livre da intervenção governamental, esta medida de hoje não teria ocorrido e os acionistas não estariam amargando uma perda de seu patrimônio.
A Petrobras, assim como todas as outras estatais, está sujeita a estas intervenções. Por essas e outras afirma-se: Estatal só se for de graça.