Você já ouviu falar em equivalência ricardiana?
A equivalência ricardiana é uma das teorias mais importantes a respeito dos gastos públicos, e se enquadra no campo de estudo da macroeconomia.
A equivalência ricardiana é uma teoria que indica que um aumento dos gastos do governo, ou um corte de impostos no presente, não afeta a demanda agregada da economia. Ou seja, não seria uma forma de gerar desenvolvimento no longo prazo. A teoria foi proposta pelo economista inglês David Ricardo, no século XIX.
Equivalência ricardiana – Conceito
Antes de entrar nos detalhes a respeito da teoria ricardiana é importante frisar alguns conceitos básicos da teoria da macroeconomia.
Os governos possuem gastos que são derivados da sua arrecadação por impostos. Ou seja, o governo arrecada um determinado valor e gasta outro valor.
Se os gastos forem maiores do que a arrecadação, como tipicamente ocorre, diz-se que esse governo tem um déficit. Portanto, em termos práticos o governo está endividado.
Para cobrir esse endividamento o governo precisa emitir títulos de dívida no mercado.
Considera-se que esse endividamento do governo é exatamente igual ao gasto menos a arrecadação.
Portanto: D = G – T
Onde:
- D é o déficit
- G são os gastos do governo
- T é a arrecadação na forma de imposto
Cortes de impostos ou aumento dos gastos não saem de graça
Todo o conceito da equivalência ricardiana se baseia no pressuposto de que as pessoas possuem expectativas racionais.
A partir disto, suponha que o governo resolva aumentar os seus gastos. O que irá acontecer com o déficit?
O déficit irá aumentar, e o governo irá precisar emitir mais dívidas.
Como na teoria ricardiana as pessoas são racionais, elas entendem que essa dívida irá precisar ser paga em algum momento, e isto irá acarretar em um aumento futuro dos impostos.
Portanto, para se precaver a esse aumento futuro dos impostos, as pessoas reduzem o seu consumo e passam a poupar mais recursos.
Com isso a demanda agregada da economia acaba por permanecer estável, pois o aumento no gasto do governo é compensado pela redução no consumo das pessoas.
Críticas à teoria Ricardiana
A teoria ricardiana está longe de ser uma unanimidade na macroeconomia.
O conceito da equivalência ricardiana se opõe, sobretudo, à teoria Keynesiana, que prega que um aumento dos gastos do governo afeta positivamente a demanda agregada.
As principais críticas a respeito da teoria ricardiana se baseiam no fato de que:
- As pessoas muitas vezes não são racionais
- Há uma diferença na taxa de empréstimo e taxa de investimento
- Alguns gastos poderiam elevar a produtividade da economia
Irracionalidade
Críticos apontam que as pessoas não são totalmente racionais. Portanto, um aumento no gasto presente pode não afetar o consumo. O que tenderia a elevar a demanda agregada.
Diferença entre taxas de poupança
A teoria ricardiana possui a premissa de as pessoas podem emprestar recursos e obter empréstimos a uma mesma taxa.
Na realidade, no entanto, as taxas costumam diferir. A taxa que as pessoas emprestam a um banco através de um CDB, por exemplo, são muito inferiores às taxas cobradas pelos bancos para emprestar recursos.
Alguns gastos do governo podem elevar a produtividade da economia
Os Keynesianos também afirmam que gastos governamentais bem feitos, como investimento em infraestrutura, poderiam elevar a produtividade da economia de um país e assim elevar a demanda agregada e o produto interno bruto.
Conclusão sobre a equivalência ricardiana
Apesar das críticas elencadas à equivalência ricardiana, a sua teoria foi de extrema importância para a macroeconomia. Sobretudo porque foi demonstrado que os governos não podem simplesmente aumentar os seus gastos e esperar que isto, por si só, leve ao desenvolvimento do país.