Doença holandesa: entenda como a atividade primária atrapalha a industrialização
Os estudos sobre desenvolvimento econômico possui várias vertentes. Uma delas, analisada a partir da metade do século passado, relaciona a existência de recursos naturais em abundância com a falta de industrialização e diversificação econômica do local. É a chamada “doença holandesa”.
De certa forma, pode-se dizer que doença holandesa é um “erro” no mercado que atinge a maior parte dos países em desenvolvimento.
O que é doença holandesa?
Em termos econômicos, doença holandesa (do inglês Dutch disease) faz referência à relação entre o avanço da exportação de recursos naturais e o declínio do setor manufatureiro. Segundo ela, a existência de recursos naturais abundantes em um país tenderia a atrapalhar, de certa forma, o seu desenvolvimento econômico.
Isso ocorre porque o país passaria a se concentrar excessivamente em produzir tais bens, barrando a industrialização ou promovendo a desindustrialização — afetando assim a diversificação da atividade econômica no local.
Qual a lógica por trás da doença holandesa?
A doença holandesa é, em resumo, um fenômeno ligado diretamente ao câmbio do país. Ela ocorre com o aumento da receita vinda de exportação de matérias-primas. Esse movimento acaba apreciando a moeda local e gera prejuízos para a exportação de outros bens manufaturados.
Isso faz com que a indústria entre em declínio, uma vez que o setor de manufaturas pode perder competitividade externa, fazendo com que seja mais barato importar do que exportar.
De modo geral, a doença holandesa é um mal indiretamente ligado ao descobrimento de recursos naturais. Entretanto, ela pode abranger todo tipo de desenvolvimento cujo resultado seja um fluxo expressivo de entrada de moeda de países estrangeiros, gerando aumento repentino dos preços de recursos naturais.
De onde surgiu o termo doença holandesa?
Assim como o próprio nome sugere, o primeiro exemplo de doença holandesa foi identificado na década de 1960 nos Países Baixos.
Nesse período, foram encontradas no país grandes reservas de gás natural, que passaram a ser exploradas e exportadas.
Dessa forma, a atividade de gás natural no país causou:
- O aumento do preço do gás, que fez com que crescessem as receitas advindas da exportação;
- Em sequência, houve valorização da moeda holandesa (florim);
- O câmbio também foi valorizado, porém derrubando as exportações de outros bens holandeses. Os preços desses bens vieram a decair em competitividade no cenário internacional na próxima década.
Ou seja, com a entrada de divisas na economia holandesa, ocorreu uma a apreciação da taxa de câmbio. Porém, esse contexto veio a ameaçar acabar com as indústrias manufatureiras daquele local.
A partir da identificação desse evento, a doença holandesa começou a ser alvo de estudo dos teóricos econômicos. As primeiras análises acadêmicas sobre o assunto apareceram nos anos 1980. Por outro lado, o modelo inicial de doença holandesa é da autoria de Corden e Neary, entre 1982 e 1984.
A compreensão deste fenômeno acabou sendo é crucial para a abordagem do desenvolvimento econômico, assim como do subdesenvolvimento.
Demais fatores que prejudicam o setor manufatureiro
Dois fatores principais, além da doença holandesa, que podem influir na declinação do setor de manufaturas de um país. Eles são:
- Custo de capital;
- Custo de mão de obra.
Portanto, nem sempre a doença holandesa é a razão da depreciação do setor manufatureiro. Visto que este não depende apenas da taxa de câmbio, que influi nos preços e na competitividade.
A doença holandesa é um fenômeno econômico. Para entender mais sobre o assunto, se inscreva gratuitamente no nosso Canal do WhatsApp, e receba, diretamente no nosso celular, as principais notícias sobre economia e mercado financeiro do dia.