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Demonstrativo de Fluxo de Caixa: entenda como analisar a DFC

demonstrativo de fluxo de caixa

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Você sabe como avaliar o demonstrativo de fluxo de caixa (DFC)? Esta demonstração contábil é fundamental para compreender a geração de caixa de um negócio.

O Demonstrativo de Fluxo de Caixa trata-se de uma ferramenta que controla as entradas e saídas de capital durante um determinado período, mostrando os resultados sobre a movimentação. Tem como objetivo principal aprimorar o controle do fluxo de caixa, auxiliando na tomada de futuras decisões da companhia.

O que é o Demonstrativo de Fluxo de Caixa?

A DFC é uma demonstração contábil obrigatória para muitas empresas.

De acordo com a Lei 11.638/2007, todas as empresas de capital aberto precisam apresentar esta demonstração. A DFC passou a ser de apresentação obrigatória para todas as sociedades de capital aberto ou com patrimônio líquido superior a R$ 2.000.000,00.

Função da DFC

A principal função da DFC é sintetizar de maneira estruturada todas as saídas e entradas de caixa de uma empresa durante determinado período.

Para isto, a DFC é dividida em três grandes contas, que são:

Além dessas contas gerais, cada uma delas é ainda subdividida em dezenas de outras sub contas.

Periodicidade da DFC

As empresas de capital aberto, isto é, que possuem suas ações listadas na B3, precisam divulgar a DFC todo trimestre.

Geralmente funciona assim:

Para o primeiro trimestre, a DFC de três meses é preparada.

Já para o segundo trimestre, além da DFC ser apresentada de maneira trimestral, ela também é apresentada de maneira acumulada em seis meses.

Este mesmo formato também se aplica ao terceiro trimestre, quando as demonstrações são apresentadas também no acumulado de nove meses.

Por fim, ao final de cada ano as empresas divulgam a DFC anual, compreendendo o período de 12 meses.

Para algumas empresas, o ano fiscal não necessariamente corresponde ao ano calendário.

Nestes casos raros, a DFC e as outras demonstrações financeiras são apresentadas em períodos diferentes, que não os trimestres do calendário.

Fluxo de caixa das atividades operacionais

O fluxo de caixa das atividades operacionais é o caixa gerado nas operações da empresa menos as despesas e gastos decorrentes da industrialização, comercialização ou prestação de serviços da companhia.

Em teoria, existem duas formas de apresentar a DFC, que é através do método direto ou do método indireto.

Mas pelos dois métodos, qualquer entrada de caixa é sempre registrada com sinal positivo (+), enquanto as saídas são sempre registradas com sinal negativo (-).

Método direto

O método direto indica as entradas e saídas de caixa individuais das atividades operacionais, por exemplo:

O resultado de todos esses fluxos informa o total de caixa gerado pelas operações.

Este total é idêntico ao montante apresentado pelo método indireto.

Apenas as contas são diferentes.

A vantagem da forma direta é evidenciar claramente os pagamentos e recebimentos.

Entretanto, este método de apresentação da DFC não é muito comum.

Praticamente todas as empresas da bolsa, senão todas, apresentam a DFC da maneira indireta, que será vista a seguir.

Método indireto

O método indireto, ao contrário da forma direta, não evidencia diretamente as entradas e saídas de caixa.

Essa área do demonstrativo começa com o lucro líquido que será somado com o valor da depreciação e amortização, que embora do ponto de vista contábil sejam despesas reais, esses custos não consomem dinheiro algum, pois representam o que já foi gasto anos antes.

Outros fatores além dos que já foram citados entram no cálculo dessa métrica, como impostos, juros pagos ou recebidos entre outros.

O importante de ressaltar nessa parte do demonstrativo é que tudo aquilo que nos demonstrativos de resultados (DRE) foi positivo ou negativo e não possui efeito caixa será lançado como negativo (positivo) para ser somado ao lucro líquido e resultar no fluxo de caixa operacional.

Fluxo de caixa das atividades de investimento

Essa seção examina a grande quantidade de dinheiro que a empresa gasta com despesas de capital, tais como aquisição de imóveis, automóveis ou qualquer outro ativo que tenha o objetivo de manter o negócio em funcionamento.

É incluído nessa parte, também, o controle de outras empresas e de movimentações em aplicações financeiras.

Às vezes, as empresas vendem participações em outros negócios ou outros ativos não circulantes.

Neste caso, os valores recebidos na alienação desses bens e direitos entrará como fluxo positivo nas atividades de investimento.

Depreciação e manutenção do capital

É importante observar se a empresa está reinvestindo o capital a uma taxa pelo menos igual às suas despesas com depreciação.

Se a companhia não faz isso, a longo prazo pode provocar entradas artificialmente elevadas de caixa, ao mesmo tempo em que pode tornar o negócio cada vez mais sucateado e insustentável.

Este é um ponto importante.

A depreciação é uma alocação ao longo do tempo do custo de aquisição de um bem imobilizado.

E as normas contábeis permitem certa flexibilidade na maneira como essa despesa será calculada.

Por isso, nem sempre este valor reportado na Demonstração de Resultado de Exercício (DRE) será condizente com os desembolsos necessários para manter este capital em bom funcionamento.

Por exemplo, imagine que você tivesse uma empresa e adquirisse um carro no valor de R$ 50 mil.

Você estimou a vida útil deste carro em 10 anos e um valor residual de sucata.
Assim, a despesa de depreciação é de R$ 5 mil.

Entretanto, o custo de manutenção deste carro varia ao longo do tempo.

Enquanto o carro é novo, os gastos para mantê-lo serão inferiores a R$ 5 mil.

E a medida que o veículo envelhece, estes gastos irão aumentar, podendo ultrapassar os R$ 5 mil em algum momento.

Uma das formas de você verificar se a depreciação representa de maneira adequada os gastos com capital é comparando-a com os valores reportados no fluxo de caixa.

Algumas empresas podem não fazer a divisão entre o que é capital novo adquirido e o que é apenas manutenção.

Neste caso, você pode ligar para a empresa e falar com algum membro da equipe de relações com investidores.

Fluxo de caixa das atividades de financiamento

Esta seção representa as entradas com empréstimos e financiamentos de curto prazo e saídas com pagamento destas dívidas e pagamento de proventos aos acionistas.

Dessa forma, quitar um empréstimo bancário aparece como saída do fluxo de caixa, portanto negativo, o mesmo acontece com o pagamento de dividendos aos acionistas.

Já quando uma empresa capta dívida os contadores têm a obrigação de lançar esse recurso com um número positivo de entrada no caixa da empresa.

As atividades de financiamento também compreendem os fluxos referentes ao capital próprio.

Por exemplo, sempre que determinada empresa paga dividendos ou Juros Sobre Capital Próprio, uma saída de caixa é registrada nesta seção.

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A mesma situação acontece quando a empresa decide recomprar suas ações no mercado, diminuindo o número de papéis em circulação.

Por outro lado, sempre que determinada companhia realiza um aumento de capital via IPO, ou uma emissão secundária, novos recursos entram no caixa da companhia.

Desta forma, é registrado um saldo positivo nas atividades de financiamento.

Variações no caixa da empresa

Depois de somados todos os fluxos de caixa decorrentes das atividades operacionais, de investimento e financiamento, chega-se à variação total de caixa.

Esta variação impacta a movimentação na conta de caixa, presente no ativo circulante da companhia.

Dessa forma, obtém-se a reconciliação entre o saldo inicial e final de caixa.

Exemplo:

Demonstrativo de Fluxo de Caixa e Regime de Competência

Muitos investidores amadores podem pensar que a DFC é uma demonstração dispensável, pois já existe a DRE, que reporta lucros e prejuízos durante o mesmo período contábil.

Entretanto, como visto anteriormente, existem lançamentos na DRE que não possuem efeito caixa.

Esta situação pode ocorrer devido ao regime contábil da DRE, que é o Regime de Competência.

Olhar apenas este regime pode fornecer ao investidor uma avaliação errada da capacidade de geração de caixa de determinada companhia.

A maioria dos analistas e jornais no geral divulgam apenas os resultados provenientes do chamado Regime de Competência Contábil, o que é um grande erro de omissão de informações fundamentais para uma análise completa de resultados.

O regime de competência contábil é incompleto, pois permite que vendas a crédito sejam lançadas como receita, fato que tornou necessário a criação de um demonstrativo de fluxo de caixa para monitorar o dinheiro que realmente entra e sai do caixa de uma empresa.

Esse tipo de demonstrativo irá nos informar apenas se a organização está recebendo mais dinheiro do que gastando (“fluxo de caixa positivo”) ou se está gastando mais do que está recebendo (“fluxo de caixa negativo”).

As demonstrações de fluxo de caixa são semelhantes às demonstrações de resultado em alguns pontos, como por exemplo, o fato de sempre se referirem a um período específico.

Os contadores de uma empresa de capital aberto fazem e divulgam esses demonstrativos a cada três meses.

Onde encontrar a DFC?

O demonstrativo de fluxo de caixa pode ser encontrado nas fontes oficiais em que as empresas divulgam os seus documentos.

Você pode encontrar o DFC em vários sites, como:

Entretanto, é preciso se atentar a alguns detalhes.

No site da CVM e da B3, as demonstrações fornecidas são padronizadas.

Isto é, os documentos são preparados de acordo com as normas contábeis do Brasil (BR GAAP) e normas Internacionais (IFRS).

Já no site da companhia existem também demonstrações não oficiais, cujo propósito é ajudar a esclarecer os resultados da companhia.

Outro aspecto importante é verificar se as demonstrações financeiras são individuais ou consolidadas.

Para empresas com muitas subsidiárias e outras participações societárias, olhar a forma consolidada fornece uma visão mais abrangente dos negócios da sociedade.

Como analisar a DFC?

Avaliar individualmente a DFC pode ajudar o investidor a entender melhor a geração e uso de caixa de uma empresa.

Por exemplo, já houve casos de empresas que continuaram pagando dividendos elevados mesmo sem terem uma geração de caixa que suportasse estes pagamentos.

Ao comparar o caixa operacional com os pagamentos de dividendos, o investidor poderá notar se a empresa vem distribuindo proventos compatíveis com sua geração de caixa.

Aliás, este raciocínio é válido para qualquer estrutura que tenha como objetivo o lucro.

É o caso dos fundos imobiliários, por exemplo.

Não é raro ocorrerem situações em que as distribuições de rendimentos aos cotistas estão acima do FFO.

No vídeo abaixo, o CEO e fundador da Suno, Tiago Reis, explica o que é o FFO

Caso você tenha se interessado pelos fundos imobiliários, o Professor Baroni poderá lhe ajudar a entender muito mais sobre este mercado.

Geração de caixa livre

Outra utilidade da DFC é avaliar a geração de caixa livre ao acionista.

Isto é, quanto de caixa efetivamente sobra para os sócios após a empresa investir em capital de giro e na manutenção do seu capital fixo.

Estes dados históricos podem então servir de base para estimativas de modelos de valuation de fluxo de caixa descontado.

Entretanto, é sempre bom comparar a DRE com a DFC. Afinal, o regime de competência e o regime de caixa devem apontar na mesma direção no longo prazo.

Isto é, se a empresa está gerando valor aos seus acionistas ou dilapidando o capital dos sócios ano após ano.

Conclusão sobre o demonstrativo de fluxo de caixa

Contabilidade é a linguagem dos negócios. Para se tornar um investidor cada vez melhor, é fundamental saber ler e interpretar as demonstrações financeiras.

Por isto, aprender o que é e como analisar o demonstrativo de fluxo de caixa é uma tarefa indispensável para qualquer que queira entender de onde vem e para onde vai o dinheiro de uma companhia.

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