Entenda como funciona o sistema de currency board e quais são suas vantagens
Formular políticas monetárias é uma das principais funções de um banco central. Porém, existe uma forma de administração monetária bastante eficaz para estabilizar a moeda de um país através do seu regime cambial. É o sistema de currency board.
Com o currency board, os bancos centrais deixam a oferta monetária se regular livremente, através da entrada e saída de moeda no país. Ao estabelecer um lastro cambial, o governo não consegue interferir nem taxa básica de juros da economia e nem na quantidade de moeda circulante.
O que é currency board?
O currency board é um sistema de administração monetária que controla a emissão de moeda através das reservas internacionais do país. Ou seja no currency board, um banco central só pode imprimir, emitir e botar mais moeda em circulação se, ao mesmo tempo, mais moeda estrangeira entrarem em suas reservas.
Dessa forma, o currency board funciona como um agente de conversão cambial, que controla e indexa a oferta monetária em um ativo exógeno – que, nesse caso, é uma moeda internacional.
Também chamado de comitê monetário ou fundo de estabilização cambial, esse sistema funciona ao converter a moeda nacional em uma moeda específica (chamada de moeda-âncora), e vice-versa, a uma taxa de câmbio que seja fixa. Portanto, ao contrário de um banco central convencional, que pode imprimir dinheiro à vontade, um currency board só emite moeda nacional somente quando tem reservas cambiais suficientes para honrar a taxa de câmbio entre os dois ativos.
Como o currency board é utilizado?
O currency board é um sistema muito eficaz de estabilização monetária. Ele pode ser adotado para funcionar como uma “âncora cambial” que controle e fixe a oferta monetária de uma economia, fazendo com que a moeda nacional vire apenas um mero substituto de uma moeda estrangeira – um ativo sob o qual as autoridades não podem agir.
Dessa forma, a gestão da taxa de câmbio e a oferta de moeda são tiradas do Banco Central, passando a ser controladas pelo próprio mercado. A variação da base monetária se torna completamente passiva, aumentando e diminuindo de acordo com o fluxo de entrada e saída de divisas do país. A rigidez desse sistema restringe as ações do governo – evitando, por exemplo, que políticas monetárias irresponsáveis afetem negativamente a estabilidade da moeda.
Com isso, o resultado principal do currency board é a inflação baixa, já que a emissão de moeda é se torna totalmente controlada por um parâmetro real. Como a taxa de câmbio é fixa, os produtos internacionais passam a ter preços mais estáveis, o que dá um referencial para o controle dos preços domésticos também.
Como o currency board é implantado?
Para implementar o currency board, é necessário que o Banco Central tem mantenha grandes reservas cambiais. Especificamente, as reservas devem ser grandes o suficiente para cobrir todo o dinheiro em circulação e os depósitos que os bancos comerciais mantêm no banco central.
Por exemplo, se a moeda em circulação e os depósitos bancários somam 400 bilhões de reais, e a taxa de câmbio do real em relação ao dólar for 2 reais = 1 dólar, então as reservas terão que ser de 200 bilhões de dólares.
Limitações e críticas ao currency board
O currency board é conhecido por ser um instrumento monetário ortodoxo – e, por isso, sofre bastante críticas dos seguidores de outras correntes econômicas. Segundo eles, ao não poder manipular a oferta monetária ou as taxas de juros, o governo perderia uma importante ferramenta para combater recessões.
Além disso, adotar um currency board pode ser perigoso, principalmente quando o país não possui reservas internacionais robustas. Se o investidores venderem a moeda local massivamente em um curto espaço de tempo, as taxas de juros podem subir muito rapidamente – comprometendo a solidez do sistema financeiro e trazendo dificuldade para a liquidez dos bancos.