Crise argentina de 2001: entenda o que ocorreu com a economia argentina

A Argentina já foi mais estável e desenvolvida economicamente do que o Brasil. Entretanto, essa situação mudou bastante nas últimas décadas. Nesse sentido, um dos aspectos que deixam clara essa queda econômica foi o desenrolar da crise argentina ocorrida em 2001.

crise argentina de 2001 é considerada uma das maiores da história da economia argentina, desestabilizando completamente o país e causando efeitos que perdurarão por décadas a frente.

O que foi a crise argentina de 2001?

A crise argentina de 2001 foi um período de turbulência econômica passado pela Argentina que como ponto auge o calote da dívida externa e a declaração de moratória nesse ano. A medida levou o país a uma grave crise econômica e política.

Histórico da crise argentina de 2001

Na década de 1980, a Argentina saia um regime de ditadura militar com altas dívidas externas contraídas no período, inclusive com o Fundo Monetário Internacional (FMI).  A Argentina passou por uma crise de hiperinflação, gerando desemprego e baixa produtividade no país.

Para combater o problema, o governo lançou em maio de 1991 o Plano de Conversibilidade, no qual a moeda argentina estaria atrelada ao dólar americano na paridade de um para um.

Na primeira metade dos anos 1990, esse modelo teve sucesso e a Argentina voltou a crescer. Com a alta taxa de juros e a paridade com o dólar, o país atraiu grandes volumes de capitais externos, o que sustentou as políticas públicas. Como resultado, a inflação caiu e a economia começou a crescer cerca de 6% ao ano.

No entanto, com o tempo, a dívida pública foi aumentando. E somado a isso, o Plano de Conversibilidade garantiu um aumento nas importações de bens manufaturados para o país, o que promoveu sucessivos déficits comerciais enquanto a economia crescia.

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E para piorar o cenário externo não ajudou, com a crise da Ásia (1997) e a crise da Rússia (1998), que refletiriam em todos os países emergentes. Como resultado, no fim da década, o país foi atingido por uma grave recessão que teve como resposta um maior endividamento do Estado. O que deteriorou ainda mais a situação fiscal.

E então, o dólar passa por uma supervalorização, aumentando a dívida externa e a dependência de financiamento internacional. O que fez com que novamente a Argentina tivesse que recorrer ao FMI. O que instaurou uma grande crise.

Auge da crise argentina

Para impedir a quebra do sistema financeiro, ante uma corrida aos bancos, e evitar uma crescente falta de liquidez, o então governo de Fernando de la Rúa, em dezembro de 2001, instaurou o Corralito.

A medida congelava os depósitos em poupança e em conta correntes e estabelecia limites semanais para a retirada de fundos. O objetivo era impedir a transferência de recursos para o exterior.

O resultado foi o aprofundamento da crise e a queda do presidente eleito. Dessa forma, a Argentina declarou moratória em 23 de dezembro de 2001. A dívida na época era de cerca de US$ 100 bilhões.

A decisão abalou a confiança dos investidores, afastou empresas estrangeiras e fez o país ter dificuldades para conseguir empréstimos internacionais. Como resultado, o país não conseguiu mais financiar as suas contas externas.

O pós-crise de 2001

Em 2003, a população argentina elege um governo de esquerda, Néstor Kirchner. Ele prometeu retomar o crescimento econômico com base no câmbio, dar assistência aos desempregados e normalizar as relações com o FMI.

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Uma das suas primeiras medidas foi tentar recuperar credibilidade oferecendo a quem tinha recebido o calote um acordo de pagamento. A proposta era pagar com descontos acima de 70% e em 30 anos. Mais de 90% dos credores aceitaram as condições. Mas quem rejeitou entrou na justiça. A maior parte deles, fundos conhecidos como abutres.

A batalha com os credores durou anos, arrastando a crise argentina. O país só conseguiu negociar o pagamento dessa dívida com os fundos em 2016, quando finalmente saiu da moratória.

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Tiago Reis
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1 comentário

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  • Marcos 24 de junho de 2020
    Assisti ao filme “Odisseia dos Tontos”, com Ricardo Darin, e recorri a pesquisa para saber melhor sobre a crise da Argentina, moratória e o calote no FMI. Muito parecido com o que Fernado Collor de Mello fez aqui antes com quem tinha dinheiro na poupança. Como Fernando Ruas, Collor tb caiu. E quem entrou na justiça, conseguiu obter o dinheiro de volta, com juros e correção. São os trastes da América do Sul.Responder