Confisco da poupança: o que foi? Pode ocorrer novamente?

O fantasma da perda do dinheiro guardado após o confisco da poupança fez com que muitos investidores procurassem outras formas de aplicação. Porém, é necessário analisar com calma os riscos disso acontecer novamente.

Nesse sentido, vale a pena entender o que foi o confisco da poupança e os motivos que levaram isso acontecer.

O que é confisco da poupança?

O confisco da poupança se refere à retenção temporária dos depósitos feitos em cadernetas de poupança. Em 1990, o Brasil passou por um confisco de poupança, realizado durante o governo do então presidente Fernando Collor de Melo. A medida, bastante impopular, já ocorreu algumas vezes no Brasil, e ainda hoje impacta a vida de milhões de pessoas.

Confisco da poupança e o Plano Collor

Quase 30 anos após o confisco da poupança feito pelo Plano Collor, o assunto ainda é recente na memória dos brasileiros. O fato ocorreu em 1990, quando o presidente recém-eleito Fernando Collor de Mello anunciou que os valores depositados acima 50 mil cruzados novos depositados nos bancos seriam retidos.

A medida integrava o pacote econômico chamado Plano Brasil Novo, também conhecido como Plano Collor.

A restrição ocorreria por 18 meses. Neste período, os donos do dinheiro não poderiam acessá-lo. Na época, os saques nas cadernetas de poupança ou na conta-corrente foram limitados a 50 mil cruzados novos.

O plano ainda determinou que o saldo bloqueado teria seu rendimento baseado no Bônus do Tesouro Nacional Fiscal (BTNF).

Já os valores inferiores a 50 mil cruzados novos teriam sua atualização baseada no Índice de Preço ao Consumidor (IPC).

A alteração, realizada no dia seguinte à posse do então presidente, pegou a população de surpresa.

Consequências do confisco da poupança do Plano Collor

plano collor

Na ocasião, os bancos ficaram fechados por três dias consecutivos, gerando comoção quando suas portas foram reabertas. A medida agravou uma crise econômica já existente, com o país enfrentando uma inflação altíssima.

O Plano Collor ainda foi o responsável pela substituição do Cruzado Novo pelo Cruzeiro, no valor de um para um.

Além disso, foram congelados preços e salários. Já os preços dos serviços públicos, como energia elétrica e serviços postais, foram aumentados.

Como a economia ficou após o plano?

Existem estimativas que o bloqueio atingiu aproximadamente 30% do PIB da época e agravou ainda mais a crise econômica em que o Brasil já vivia. No entanto, devido aos bancos estarem fechados, no curto prazo a inflação se reduziu, mas depois de pouco tempo ela já começou a ser descontrolada novamente e a inflação acumulada ficou ainda maior.

Além disso, existem alguns relatos de negócios que acabaram entrando em falência, pessoas que demitiram funcionários e até suicídios, pois muita gente contava com aquele dinheiro guardado na poupança.

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Ressarcimento do Plano Collor

Em 2018, foi lançada uma plataforma on-line para que quem perdeu dinheiro com o Plano Collor possa fazer a adesão a um acordo que visa a restituição destes valores.

Ou pelo menos parte deles, já que quem teve a poupança bloqueada no chamado Plano Collor I não deve receber a restituição — ao menos por enquanto.

Qual o risco de um novo confisco da poupança acontecer?

Diante dos fatos do passado, muitos se perguntam se existe algum risco da poupança ser confiscada novamente.

As medidas adotadas por Collor foram tão polêmicas que o presidente sofreu um processo de impeachment antes de concluir seu segundo ano de gestão.

Por mais que o processo não tenha sido concluído, com o impeachment sendo de fato aprovado, Collor preferiu renunciar. Assim, sua gestão foi concluída por Itamar Franco.

Este fato por si só já torna bastante improvável a ocorrência de um novo confisco de aplicações financeiras no Brasil.

Além disso, temos dois outros fatores que tornam ainda mais improvável que isto se repita. Do lado econômico, mesmo com todos os problemas, a economia brasileira se encontra em um patamar de solidez e estabilidade muito diferente em relação àquela época.

Do ponto de vista legal, hoje seria muito mais difícil que um plano como este fosse posto em prática. No governo Collor, o confisco foi feito através de medida provisória, que é feita e colocada em prática diretamente pelo executivo, de modo que dependia apenas da vontade do presidente.

Em 2001, porém, foi passada a Emenda Constitucional 32/2001, que em seu Art.62 § 1º estipula que é vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro;”

Sendo assim, medidas extremas como o confisco da poupança seriam desnecessárias e dependeriam de aprovação do congresso nacional. De modo que, na prática, são muito improváveis.

Logo, pode-se dizer que risco da poupança ser confiscada novamente é praticamente nulo.

Vale a pena para entender melhor como ocorreram eventos como o confisco da poupança, bem como os seus impactos e repercussões.

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Perguntas frequentes sobre o confisco da poupança
O que é confisco da poupança?

O confisco da poupança aconteceu em 1990, quando o presidente recém-eleito Fernando Collor de Mello anunciou que os valores depositados acima 50 mil cruzados novos depositados nos bancos seriam retidos.

O dinheiro do confisco da poupança foi devolvido?

Em 2018, foi lançada uma plataforma on-line para que quem perdeu dinheiro com o Plano Collor possa fazer a adesão a um acordo que visa a restituição destes valores ou pelo menos parte dele.

O governo pode confiscar a poupança de novo?

Do ponto de vista legal, hoje seria muito mais difícil que um plano como este fosse posto em prática, pois, ele foi feito via medida provisória e em 2001 foi passada a Emenda Constitucional 32/2001, que em seu Art.62 § 1º estipula que é vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro;”

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Tiago Reis
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29 comentários

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  • Aline 5 de outubro de 2021
    Olá, boa noite. Quem teve seu dinheiro bloqueado na poupança na época, pode revê-lo novamente!? O que fazer?Responder
  • Dana 8 de dezembro de 2021
    No caso de empréstimo compulsório (e não de "confisco") de onde o gov pode "pegar" esse dinheiro? Precisa criar um tributo/imposto específico ou pode "pegar" rendimentos/reserva da poupança, dinheiro da conta corrente, investimentos etc?Responder
  • Jose Osvaldo 23 de outubro de 2022
    É sério que depois das censuras impostas pelo TSE, e confiscos inconstitucionais de conta de empresários de um grupo de whatsapp, você ainda acredita no respeito a constituição por essa turma? Fala sério. Leia a matéria da cnn em jornal não o vídeo que disseram ser fake, que não é os diretores do PT disseram que existe uma possibilidade de nem tudo ser aprovado. Isso de fato foi pedido pela cúpula do PT ao presidente, isso foi apresentado como proposta do futuro ministro dele.Responder
  • Pedro Alves Feitosa silva 5 de agosto de 2023
    O novo governo tem que mandar pagar todas as contas poupança que foi bloqueado em 1990 porque.os bancos a onde foi bloqueada o banco sabe quem e os donos da sua cardeneta de poupança e só autorizar o formulário para preencher em qualquer agência da caixa e pagar o cidadão. okResponder