Na macroeconomia, a inflação é um fenômeno monetário, isto é, intrinsecamente ligado à moeda e às políticas monetárias de uma economia. Neste âmbito, ela é conceituada como um aumento contínuo e generalizado do nível de preços. Inversamente, quando há declínio de preços, o processo é conhecido como deflação.
Existem duas causas responsáveis por este fenômeno que são mais palpáveis, além de serem costumeiramente distinguidos pela teoria macroeconômica: a inflação de oferta e a inflação de demanda.
A inflação de oferta, ou inflação de custos, é gerada a partir de um aumento significativo de preços de algum insumo bastante relevante para certa economia. Assim, ocorre um aumento de custos. Os custos, por sua vez, são repassados para os preços dos produtos finais, acarretando o processo inflacionário.
Um exemplo é a alta do preço do petróleo, que leva ao aumento dos preços da gasolina. O aumento do preço da gasolina, por sua vez, leva ao aumento dos preços no setor de logística.
A inflação de demanda é gerada pelo seu excesso na economia, de modo que passa a ser incapaz de ser totalmente atendido pela oferta existente. Geralmente, esta causa é gerada por um aumento da renda média da população, que estimula o aumento de gastos das famílias.
Este é considerado o tipo mais “clássico” de inflação, segundo a teoria macroeconômica. Intuitivamente, pode ser entendida como “muito dinheiro à procura de poucos bens”.
Por outro lado, como um investidor, eu não gosto de pensar que a inflação é o aumento dos preços. Ela é o valor do dinheiro sendo deteriorado com o passar do tempo. É a perda de poder aquisitivo.
Assim, é importante ter em mente que a inflação afeta negativamente a maioria dos negócios. Hoje, quero mostrar como isso acontece.
Para avaliar o efeito da inflação nos seus investimentos ou potenciais investimentos, o investidor deve se perguntar se o negócio é capaz de manter seus fluxos de caixa em termos reais. Ou seja, para evitar os efeitos destrutivos da inflação, ele deve crescer, no mínimo, ao mesmo ritmo da inflação.
Uma das maiores ameaças da inflação ao valor de um negócio é originada a partir da incapacidade do negócio de repassar completamente os aumentos de custos para seus clientes, sem perder volume de vendas.
Se um negócio não consegue aumentar seus preços a ponto de compensar os efeitos da inflação, ele falhará em manter seus fluxos de caixa em termos reais.
Portanto, um negócio será capaz de compensar os efeitos negativos da inflação se ele for capaz de sustentar quatro pilares:
1 – Capacidade de repassar os aumentos de preços:
Os aumentos de preço permitem que o negócio compense os efeitos da inflação, pois poderá passar o incremento dos custos para o preço de seu produto ou serviço.
Assim, se o negócio é capaz de manter seu volume de vendas nesta situação – ou seja, possui poder de precificação –, seu fluxo de caixa será mantido em termos reais.
2 – Capacidade de reduzir seus custos
Um negócio que possui uma estrutura baseada em altos custos fixos ou que precisa constantemente reinvestir capital em seus ativos (por exemplo, uma fábrica que precisa reinvestir em suas máquinas) terá dificuldades em diminuir custos para compensar os efeitos negativos da inflação.
Assim, uma empresa que possui muitos custos não estratégicos, isto é, custos relacionados a atividades que não geram receitas, terá menos dificuldade neste pilar.
3 – Baixa necessidade de CAPEX
Para negócios com necessidade de alto CAPEX, a inflação aumenta os custos de reposição dos ativos existentes. Por exemplo, varejistas em crescimento podem sofrer com o aumento dos custos para abrir novas lojas.
4 – Estrutura de dívida adequada
Por fim, negócios que possuem dívidas atreladas à inflação estão sujeitos a reviravoltas súbitas que podem aparecer com o ganho de tração em um processo inflacionário. É necessário observar o grau de dependência das dívidas da empresa quanto aos índices inflacionários.