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CBOT: o que é? Conheça a bolsa de valores de Chicago

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Você já ouviu falar na CBOT? Essa é uma das principais bolsas de valores do mundo, fundamental no setor de commodities.

Entender alguns conceitos sobre a CBOT pode ajudar o investidor que deseja se expor a bolsa americana, principalmente no mercado de commodities.

O que é CBOT?

O CBOT é uma sigla que abrevia a expressão Chicago Board of Trade, ou bolsa de Chicago, que é a maior e mais antiga bolsa de opções de contratos futuros do mundo, criada em 1848.

É importante destacar, neste sentido, que é nessa bolsa onde são comercializados os maiores contratos de commodities e futuros do mundo.

Na maioria das vezes, os preços negociados nesse mercado são referência para os preços desses produtos em todo o globo.

Por isso, é fundamental entender a função da CBOT e sua importãncia para a economia mundial quando se fala em commodities.

Como funciona o CBOT?

Na CBOT, é possível negociar os maiores contratos de commodities agrícolas do mundo. Por isso, seus preços são usados como referência global.

Os pregões da CBOT ocorrem através de viva voz e por meios eletrônicos. Neles, são negociados contratos futuros. Entre os principais contratos, estão trigo, soja e milho – no entanto, ainda existem mais de 50 commodities negociadas.

O CME Group controla a bolsa de valores de Chicago, além de controlar outras bolsas nos Estados Unidos, como New York Mercantile Exchange (NYME), Commodities Exchange (COMEX) e Chigago Mercantille Exchange (CME).

Atualmente, a B3 possui parceria com a CBOT para facilitar a troca de informação entre as duas bolsas através de uma plataforma eletrônica para negociar futuros e opções, a Globex.

Histórico da CBOT

Antes de começarmos, uma pequena história. Apesar de muitas pessoas pensarem que opções e mercado futuro são uma invenção exótica dos financistas do século XXI, as origens desses ativos são muito mais remotas.

Diz a lenda que Tales de Mileto, matemático e filósofo da antiga Grécia, pagou para ter direito ao uso de prensas para produzir azeite de oliva.

Quando a temporada de colheita das oliveiras chegou, a safra foi muito maior do que era esperado. Assim, Tales alugou as prensas para outras pessoas, lucrando muito com essa operação.

Após essa breve introdução, vamos pular alguns séculos, para os EUA do século XIX. Neste século, existia muita preocupação dos produtores americanos em garantir a venda de seus grãos a um preço que julgassem adequado.

De fato, o mercado de grãos no meio oeste americano era um caos. Quando chegava o inverno, as colheitas eram menores e os preços dos grãos iam às alturas.

Por outro lado, no verão, o mercado de Chicago era inundado com uma oferta muito grande de commodities agrícolas, fazendo com que os preços dessas commodities despencassem, para desagrado dos fazendeiros.

Em alguns casos, alguns produtores preferiam queimar os grãos para fazer combustível ao invés de pagarem o frete dos grãos e tendo que vender a um preço muito baixo.

Outros, por não conseguirem preços justos para o milho e trigo, despejavam os produtos no Lago Michigan ao invés de pagarem o armazenamento.

O início da Chicago Board of Trade

Para eliminar essas distorções exageradas nos preços dos grãos e trazer ordem ao mercado, 25 homens de negócio se reuniram em 1848 para formar a Chicago Board of Trade.

Com o objetivo de se organizarem em prol de um bem comum, os produtores de grãos dos EUA criaram a Chicago Board of Trade, que até hoje ocupa um lugar singular nas negociações desses produtos no mundo.

Nesse grupo estavam incluídos profissionais de várias áreas como um pintor, quitandeiro, banqueiro, vendedor de livros e farmacêutico.

Este grupo se reunia na rua Water Street e ofereciam aos fazendeiros contratos para que eles pudessem vender suas colheitas a um preço pré-determinado antes de serem realizadas.

Na época do plantio o produtor já podia negociar o preço que iria receber na colheita. Esse foi o primórdio dos contratos futuros. Ou seja, os membros do Board ofereciam contratos para comprar futuramente os grãos dos produtores.

Ou seja, através de contratos padronizados, tanto na quantidade quanto na qualidade dos grãos.

Chicago como importante centro comercial e financeiro

No início existiam poucos negócios na CBOT e os membros tentavam atrair novos negócios oferecendo almoços gratuitos. Mas aos poucos o cenário foi mudando.

Chicago na década de 1850 passou a ter uma importante malha ferroviária, com mais de cem trens indo e vindo da cidade todo dia.

Além disso, um novo canal passou a ligar a cidade com o tráfego fluvial que se dirigia ao Mississippi.

Em 1855 o governo francês parou de comprar grãos de Nova York e passou a comprá-los de Chicago. Em 1856, a bolsa de Chicago já possuía mais de 150 membros e trocou de sede.

Chicago havia se tornado um importante centro nacional e internacional de commodities de agricultura. Enfim, em 1859 o estado de Illinois garantiu à bolsa de Chicago o poder de autorregulação.

A criação dos recibos

Uma das dificuldades iniciais das negociações de grãos era a mistura entre grãos de diferentes qualidades, de diversos fazendeiros.

Além disso, os grãos eram negociados através da movimentação física de sacos.

Assim, no final da década de 1850, a CBOT criou um sistema para avaliar a qualidade dos grãos e armazená-los somente com grãos de mesma qualidade.

O fazendeiro então recebia um recibo dizendo que possuía, digamos, X grãos da qualidade Y.

Dessa forma, ao invés das negociações serem feitas com a movimentação dos grãos, apenas os recibos é que trocavam de mãos.

As primeiras fraudes – “corner” the market

Com a criação dos recibos de negociação, o campo para especulação se tornou muito mais fértil.

E começaram a aparecer as primeiras manipulações de mercado. Alguns praticantes de especulação engajaram na prática conhecida como “cornering the market”.

Isto é, eles compravam a maioria do milho ou trigo para tentar fazer com que o preço dessas commodities subisse e eles lucrassem com a venda posterior.

Além disso, surgiram vários estabelecimentos ilegais chamados de “bucket shop”. Esses locais se apresentavam como corretores legítimos, mas, na verdade, eram casas de apostas disfarçadas.

Como muitas dessas apostas eram feitas com base nas cotações divulgadas pela CBOT, então algumas medidas foram tomadas, como:

  1. Corte de linhas de telégrafos da sede
  2. Banimento de empregados de telégrafos
  3. Sabonete nos vidros da sede para impedir que pessoas de fora vissem as cotações.

Commodities Exchange Act

Já durante a 1ª Guerra Mundial, o governo federal interrompeu as negociações da bolsa de Chicago por quase três anos.

Contudo, após o final da guerra, e o ressurgimento dos contratos futuros, observou-se que o preço do trigo havia despencado.

Os legisladores do meio-oeste entenderam que essas grandes variações nos preços do trigo era devido à especulação livre no mercado, sem regulação.

Após uma investigação ser feita, foi criado o Grain Futures Act de 1922, a primeira legislação federal para controlar as operações dos especuladores.

Contudo, essa lei não foi suficiente para impedir a prática de corner, que vimos antes. Portanto, em 1936, foi lançada uma nova lei, chamada Commodity Exchange Act. Essa lei limitava o número de contratos que os negociadores podiam manter, limitando a prática do corner.

O problema do risco de crédito

Inicialmente, o principal entrave à efetivação dos contratos futuros era o risco de crédito.

Como os contratos futuros dependiam de promessas futuras de pagamento, quando chegasse o vencimento do contrato, o comprador podia não ter dinheiro para pagar ao agricultor o valor combinado.

Assim, em 1926 a CBOT fundou uma outra empresa, chamada de Board of Trade Clearing Corporation (BOTCC).

A BOTCC servia como garantidora de última instância dos contratos, eliminando significativamente o risco de crédito.

2ª Guerra Mundial e novos contratos

Durante a 2ª Guerra Mundial, o milho e o trigo estavam sob controle do governo federal.

Logo, as negociações na bolsa de Chicago tiveram que ser realizadas com outros produtos, como centeio e soja.

Os contratos futuros de soja na bolsa de Chicago foram inaugurados em 1936.

Abaixo uma linha do tempo com outros contratos lançados posteriormente:

Já em 1969 foi lançado o primeiro contrato de origem não agrícola, que foi o contrato futuro de prata.

A partir da década de 70, diversos contratos de ativos financeiros foram inaugurados.

Desde 1975, a bolsa de Chicago passou a negociar contratos baseados em ativo financeiros.

Neste ano foi lançado o primeiro contrato desse gênero, com base no preço dos certificados da Government National Mortgage Association.

Já em 1977, foi inaugurado o contrato futuro nos títulos públicos americanos Treasuries, que logo se tornou o principal contrato negociado.

A inauguração das opções

Há de se destacar, ainda, que a bolsa de Chicago, originalmente, comercializava apenas commodities simples, como trigo ou soja.

E como vimos, posteriormente, a bolsa passou a oferecer opções de contratos futuros e uma gama ainda mais diversificada de mercadorias e títulos do Tesouro americano. Mas a grande inauguração foi o mercado de opções.

As opções, ao contrário dos contratos futuros, dão o direito, mas não a obrigação de comprar ou vender um determinado ativo, em uma determinada data, a um determinado preço.

Novos problemas e a modernização da CBOT

Apesar de toda a regulação que surgia para coibir os abusos no mercado de capitais, as práticas de corner não desapareceram.

No final da década de 70, os irmãos Hunt, herdeiros bilionários, tentaram realizar um corner no mercado de prata. Eles chegaram a ter 70% de todo volume negociado na bolsa de Chicago. Apesar disso, fracassaram.

Já em 1991, oito especuladores da bolsa de Chicago foram sentenciados à prisão devido a fraudes, como negociar antes dos clientes, prática que chamamos de front running.

Outro aspecto que mudou bastante foi a forma como os negócios eram realizados.

Durante toda a história da CBOT, sempre existiu o “poço”, que era o local onde centenas de corretoras e especuladores negociavam contratos futuros.

É aquela imagem que vemos na televisão de homens no telefone, gritando. Exatamente aquilo. Entretanto, hoje em dia o cenário mudou.

Graças ao advento da internet, as negociações costumam ser realizadas através de terminais online e não mais ligando para o corretor, como antigamente. Dessa forma, desde 2015 a maioria dos “foços” já não existem mais.

Hoje em dia, o corpo social da CBOT é composto por mais de 3600 membros, e são negociados cerca de cinquenta contratos diferentes de futuro e opções em pregões eletrônicos ou a viva voz.

Contratos futuros atualmente

Hoje em dia, negociar contratos futuros é muito fácil. As operações de compra e venda de contratos futuros são realizadas por intermédio de uma corretora de valores associada a uma bolsa.

De fato, os contratos futuros são sempre padronizados, tendo como referência um produto com datas de vencimento predeterminadas, o que garante maior liquidez.

A principal vantagem dos contratos futuros é que estes podem ser encerrados antes da data de vencimento, mediante uma operação inversa à inicial.

Esse aspecto propicia às negociações com futuros segurança quanto a preço, flexibilidade e oportunidades para todos os envolvidos no processo.

Ainda, outra grande vantagem dos contratos futuros é a possibilidade de negociadores poderem fixar preços de mercadoria, de modo a mitigar os riscos de prejuízo dado a volatilidade do mercado.

Geralmente grandes negociadores do mercado lançam mão dos pregões do CBOT, pois através dele, é onde se encontra a melhor liquidez possível no mercado de commodities.

Por exemplo, a soja é um dos principais negócios da bolsa de Chicago, sendo a principal bolsa a negociar esse grão em grandes volumes.

É importante que os investidores percebam que não existe somente o mercado brasileiro para aplicação de seu capital.Muito pelo contrário.

Na verdade, a bolsa de valores do Brasil é uma das menores do mundo, o que demonstra que ainda existe bastante potencial para o seu crescimento no longo prazo.

Contratos futuros são especulação

É muito importante que você não confunda especulação com investimentos. Entrar no mercado futuro pode ser algo extremamente danoso para o seu patrimônio.

Isso porque os lucros ou prejuízos da operação dependem, única e exclusivamente, da oscilação de preços do ativo por trás do contrato.

Por isso dizemos que essa classe de aplicação se chama derivativos, pois os resultados do investimento derivam da performance de outro ativo.

Assim, não há referência quanto ao valor justo, fluxo de caixa e análise fundamentalista quando falamos de contratos futuros.

Mas é lógico que esse tipo de produto pode ser muito interessante para alguns participantes. Por exemplo, fazendeiros, companhias de mineração, petrolíferas, etc.

Mas para o investidor que deseja acumular um patrimônio para viver de renda, os derivativos não são a melhor opção.

Warren Buffett costuma dizer que existem dois tipos de investimento: aqueles em que é possível medir o valor e aqueles em que isso não é possível.

Os contratos futuros fazem parte da segunda categoria. A única forma de lucrar com esse ativo é encontrando outro investidor que queira pagar um preço maior ainda.

Conclusão sobre a CBOT

De fato, é fácil perceber que a CBOT é uma bolsa de valores que dinamiza grande parte do mercado de commodities dos Estados Unidos e também do mundo.

Dessa forma, se atentar para sua importância no mercado financeiro mundial se faz de bastante importância para um investidor que tem interesse em ampliar os seus horizontes no que diz respeito à aplicação de seu capital.

Você ainda tem alguma dúvida sobre o CBOT, sua função, história e importância no cenário econômico? Mande sua questão para que possamos te ajudar!

Perguntas frequentes sobre cbot
O que significa CBOT?

O CBOT é a sigla para Chicago Board of Trade (ou bolsa de Chigado). Essa é a maior bolsa de opções de contratos futuros do mundo, além de ser referência mundial.

Como funciona a CBOT?

Os pregões na CBOT são realizados digitalmente e através de viva voz. É possível realizar contratos futuros de mais de 50 commodities, como soja, milho e trigo.

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