Há quem diga que sim. Para um ganhar, outros devem perder. E no agregado nenhuma riqueza é criada.
Será? Veremos.
1º Caso: Investidor parceiro
Imagine o caso de um típico investidor de longo prazo.
Este investidor irá comprar uma ação e ao longo do tempo irá receber os dividendos provenientes dos lucros do negócio.
Estes lucros são gerados na economia real, fora do ambiente de bolsa, e portanto, não tem a ver com as cotações de mercado.
A empresa cresceu sua participação de mercado? Aumentou seus preços acima da inflação? Tornou-se mais eficiente? Reduziu seu endividamento?
Estes são fatores que contribuem com uma maior geração de caixa ao acionista e tendem a gerar maiores dividendos.
Além disso, à medida que estes lucros aumentam, o valor da empresa também cresce.
Pois caso contrário, seus múltiplos ficariam cada vez mais descontados (P/L, DY), e no limite a empresa se tornaria de graça.
Ou seja, cada vez mais estes investidores com a mentalidade de parceiro( PF, fundos de ações,multimercado,pensão,etc.) estariam dispostos a pagar um preço maior por este negócio.
Dessa forma, no longo prazo, o investidor se beneficia do crescimento da empresa no mercado real, assim como da disposição dos investidores de pagarem cada vez mais pelas ações desta empresa.
Portanto, quando temos um horizonte longo nos investimentos, a geração de valor ao acionista é positiva, desde que se escolham, é claro, negócios com excelentes perspectivas de geração de caixa.
2º Caso: Especulação, Day-trade e afins
Já no caso de alguém que decida comprar ou vender uma ação para lucrar rapidamente, a dinâmica é completamente diferente.
Em prazos curtos, não há o pagamento e reinvestimento de dividendos.
Dessa forma, o grande objetivo é comprar para vender com lucro, ou vender para recomprar com lucro.
O nível de preço não importa, a volatilidade sim.
A geração de caixa do negócio é irrelevante.
O que importa é o fluxo no papel.
Alguém que faz day-trade na ponta compradora, espera que ao longo do dia, a demanda supere a oferta, e o fluxo de negociação de determinado papel seja positivo, valorizando esta ação.
A lógica reversa se aplica no caso de alguém que opere na ponta vendedora.
Aqui está a dificuldade..
Quanto menor for este prazo da operação (em um extremo o day-trade), logicamente menor será esta variação no valor de mercado de uma empresa.
Portanto, a situação fica cada vez mais parecida com a de um jogo competitivo, onde um único bolo de recursos (o valor de mercado) tem de ser dividido entre os participantes.
Se alguém quiser “tirar” dinheiro do mercado, ou ganhar, outros que operem da forma contrária deverão perder.
Nada contra isso. Mas é muito difícil competir neste jogo com os investidores profissionais, tubarões, fundos quant, etc.
Quase ninguém consegue, apesar de quase todo mundo tentar.
Em um raciocínio simples, poderíamos dizer que as chances são de 50/50 menos os custos de transação.
Na prática, a probabilidade deve ser menor do que esta devido à assimetria de informações e os vieses comportamentais dos participantes (mais sobre isso em outro post).
As chances pesam contra.
Assim, poderíamos dizer que quanto menor for o prazo de uma operação, mais próximo é de um “jogo de soma zero”.
Concluindo, a bolsa pode ser um cassino e um jogo de soma zero, mas somente para aqueles que desejam operar desta forma.
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