Em toda a história do mercado financeiro e da economia, existem momentos de recessão e momentos de crescimento econômico. Geralmente, quando a expansão chega a níveis muito elevados e todos os indicadores estão bons, os preços dos ativos no mercado financeiro sobem bastante e em determinados momentos podem surgir uma bolha econômica.
Por isso, vale entender como uma bolha econômica é formadas e qual o real impacto no país e no mundo. Afinal, em momentos como esse, os investimentos também podem ser afetados.
O que é uma bolha econômica?
No contexto da economia e do mercado financeiro, uma bolha geralmente diz respeito a uma situação onde o preço de um ativo excede o valor intrínseco por uma margem exagerada. Tal aumento exagerado de preços leva a uma desconexão do preço com o valor intrínseco.
Uma característica básica das bolhas é a suspensão de descrença pela maioria dos indivíduos envolvidos na fase da bolha. Por suspensão de descrença, deve-se entender como a suspensão do pensamento crítico do espectador, de modo que passa a aceitar premissas que são impossíveis.
O que causa uma bolha econômica?
Um dos fatores que causam a bolha financeira mundial, é a falha dos envolvidos em reconhecer que cruzaram limites que não condizem com a realidade.
Além disso, a bolha também decorre da incapacidade de reconhecer o engajamento geral em atividades especulativas, posto que geralmente as bolhas ocorrem devido a isso, um cenário no qual os ativos estão valorizando rapidamente e muitos buscam especular em cima dele, buscando “surfar a onda”, fazendo o preço do ativo subir a níveis estratosféricos, surreais, por meio da alta demanda.
Geralmente, quando uma bolha “estoura”, acontece um crash que pode ter grandes proporções. O dano causado depende dos setores envolvidos, e da localidade geográfica dos envolvidos, isto é, se é localizada ou concentrada.
Exemplos históricos de bolhas econômicas
A bolha do Japão, nas décadas de 80 e 90, por exemplo, levou o país a um período prolongado de estagnação da economia. No entanto, como a atividade especulativa estava altamente concentrada no país, o dano pelo estouro da bolha não se espalhou tanto para além de suas fronteiras.
Já no caso do estouro da bolha imobiliária americana, em 2008, seus efeitos se propagaram para muito além de seus limites geográficos. Isso porque muitos bancos e instituições financeiras nos Estados Unidos e na Europa estavam segurando centenas de bilhões de dólares em ativos atrelados à esta bolha.
Tanto é que no começo de janeiro de 2009, as 12 maiores instituições financeiras do planeta haviam perdido metade do seu valor de mercado. A queda na economia levou o efeito para muitos outros setores de negócios, levando muitas companhias a buscarem ajuda ou até mesmo à falência.
Bolha das tulipas
Quando se fala sobre este assunto, uma das referências mais clássicas e ensina bastante com simplicidade é a bolha das tulipas, que ocorreu nos Países Baixos (atual Holanda), no século XVII.
À época, as tulipas, trazidas da Turquia, caíram no gosto dos holandeses com maior poder aquisitivo. Também houve o surgimento de um vírus que, apesar de enfraquecer a flor, danificava seu pigmento deixando-a mais bonita, dando origem a uma variedade rara, exclusiva e, portanto, mais cara, chamada Semper Augustus.
Em 1624, um botão dessa tulipa custava o mesmo que uma casa em Amsterdã. Além disso, acabou puxando o preço das tulipas normais para cima.
Os floristas, precisando fazer dinheiro fora da primavera, começaram a vender os bulbos aos montes. No entanto, os compradores estavam especulando, na esperança de revender mais caro quando as flores aparecessem. Além disso, nem precisavam levar o bulbo para casa, de modo que ficavam apenas com um contrato (título) que lhes dava direito ao dinheiro que a flor rendesse.
Começou a ser realizada especulação do mesmo jeito que conhecemos hoje em dia, sobre os títulos das flores, várias operações de compra e venda dos títulos, com o preço subindo cada vez mais devido à quantidade de especuladores em atividade.
Claramente, essa subida não seria infinita, pois os valores já estavam desconectados da demanda pelas flores como artigos de luxo. Não havia tantos nobres dispostos a gastar o equivalente a uma mansão para ter uma flor.
A quantidade de nobres é um recurso finito. Não havia mais consumidor final, as expectativas na compra de uma tulipa eram de encontrar alguém disposto a pagar mais no futuro.
Como era de se esperar, começou a faltar compradores. Além disso, fraudes foram descobertas: floristas vendiam mais contratos do que a quantidade de bulbos que possuíam. Ou seja, o equivalente a imprimir dinheiro falso atualmente.
No mais, também não se sabia da existência do vírus, pois a vida microscópica era desconhecida naquela época. Desse modo, o comprador poderia estar com um bulbo de tulipa convencional, pensando ser a Semper Augustus. Assim, a confiança dos envolvidos ficou abalada, levando a uma queda no mercado.
No final das contas, muitas pessoas haviam vendido seus bens para investir no negócio fácil das tulipas e acabaram ficando sem nada. Assim, quando a bolha estourou, os contratos passaram a não valer mais nada. Houve intervenção do governo para o perdão de dívidas e a economia demoraria anos para voltar ao normal.
Toda essa situação é bastante familiar com as várias presenciadas recentemente. Por exemplo, como na bolha que gerou a crise do subprime e, também, a bolha da internet.
Como se proteger de uma bolha econômica?
É extremamente difícil identificar quando estamos dentro de uma bolha no mercado financeiro, isso é fato, geralmente elas são identificadas após sua ocorrência. Por isso, devemos estar sempre atentos aos fatos e buscando respaldo em premissas sólidas, para tentar ao máximo evitar a participação em bolhas.
No caso do investimento em ações, no momento em que você analisa os fundamentos de um determinado setor da bolsa, da empresa ou até mesmo da economia, você pode ter indícios, mas não necessariamente terá certeza.
Uma das principais formas de se proteger de bolhas econômicas é ter uma diversificação de investimentos. Isto é, envolvendo diversas classes de ativos, desde renda fixa e renda variável, investindo setores da bolsa e expondo sua carteira a diferentes países.
Outra forma interessante é estudar como aconteceram as bolhas especulativas passadas. Além disso, sempre estar ciente do seu perfil de risco como investidor, para que você não esteja mais exposto do que gostaria ao mercado em um momento como esse.
Se você gostou desse conteúdo sobre bolha econômica ou tem alguma dúvida, deixe um comentário abaixo!