Normalmente, acredita-se que a principal forma de uma empresa lançar ações na bolsa acontece pelo mercado primário. Ou seja, a companhia emite novas ações e oferece aos investidores, aumentando assim o número de papéis existentes e diluindo seus acionistas. Porém, é possível colocar uma grande quantidade de ações em circulação no mercado através do chamado block trade.
Um block trade envolve apenas a venda de ações já existentes, essa prática acaba sendo utilizada por demais acionistas. Porém, é preciso ter cuidado ao realizar essa operação.
O que é um Block Trade?
Também conhecida como “ordem em bloco”, o block trade é uma operação aberta onde é negociado um número significamente grande de ativos ao mesmo tempo. Ou seja, um block trade ocorre quando uma mesma oferta coloca na bolsa, de uma só vez, uma quantidade expressiva de ações para ser vendida.
O que decide se uma operação se enquadra como block trade ou não é a quantidade de ações vendidas. Essa classificação pode variar de acordo com o mercado em questão. Mas no caso brasileiro, é considerado block trade quando acontecem nas seguintes situações:
- A oferta de ações corresponde a mais de 0,9% do free-float (ações abertas em circulação) do mercado;
- A transação corresponde a mais de 3,5% da movimentação média diária do papel nos últimos 20 dias.
Como ocorre um block trade?
Pela magnitude da operação, os block trades normalmente acontecem sob a forma de leilão. Além disso, para realizar um block trade, normalmente os vendedores do ativo precisam avisar sua intenção ao mercado com antecedência.
Como a quantidade de ações negociadas é incomum, essas duas medidas ajudam a reduzir a volatilidade das cotações e preservar a estabilidade do mercado.
Além disso, dependendo do seu tamanho, um block trade pode ser conduzido através de um intermediário. Nesse caso, se tratam de instituições especializadas em grandes negociações, como aberturas de capitais e captação de recursos para empresas.
Por intermediarem a transação, essas empresas ficam responsáveis por divulgar o evento publicamente e tratar de todos os trâmites legais e operacionais. Além disso, os intermediários do block trade estudam a melhor maneira de oferecer as ações ao mercado, de modo a maximizar o seu preço de venda.
Quem realiza um block trade?
Devido ao seu tamanho, é muito raro ver investidores individuais e demais acionistas comuns fazerem uma oferta de block trade.
Na prática, esse tipo de operação geralmente ocorre quando grandes acionistas ou investidores institucionais, como fundos de investimentos, decidem se desfazer de sua posição em uma empresa. Dessa forma, pode-se falar que um block trade funciona como uma oferta subsequente de ações – também conhecido como follow-on secundário.
Porém, um block trade também pode ser realizado pela empresa em si. Dessa forma, a própria empresa lançaria as ações que possui junto ao público, com através de uma negociação de block trade.
Essa operação pode funcionar tanto como fazer uma oferta subsequente (onde a empresa já possui capital aberto na bolsa), ou até mesmo para lançar suas ações ao mercado pela primeira vez. Nesse caso, o block trade aconteceria fora da bolsa de valores.
Riscos e efeitos de um block trade
A negociação de um block trade precisa ser cercada de cuidados. Devido ao seu volume, um block trade pode causar grandes alterações no mercado, afetando negativamente o valor de mercado das ações.
Ou seja, como um grande número de ações será vendida, a oferta será largamente superior à demanda pelo papel. O resultado disso leva, logicamente, a uma redução no preço do ativo. Essa queda pode ser atenuada ou ampliada, dependendo de como a oferta for feita.
Além disso, negociações desse tipo acabam expondo seus vendedores a um risco maior. A oferta de um número grande de ações torna a operação mais vulnerável se houver qualquer atividade adversa no mercado. Isso significa que um block trade podem comprometer o capital do acionista e resultar até em prejuízo.