Bernie Madoff: do Bilhão à Prisão
“Nós aprendemos com a História que não aprendemos com a História.” – Friedrich Hegel
Com o aumento da popularidade das criptomoedas, nota-se uma crescente propaganda de retornos extraordinários àqueles que adquirirem estes ativos. A maior parte dos indivíduos que buscam tais promessas acreditam que estão realizando bons investimentos ao alocar seu capital em criptomoedas.
Entretanto, não existe investimento em criptomoeda. Como defendemos em diversos textos, para que a alocação de capital se configure como investimento, o alocador deve adquirir ativos com valor intrínseco. Para que o ativo possua valor intrínseco, ele deve, obrigatoriamente, gerar fluxos de caixa.
Indivíduos que compram criptomoedas são especuladores. E como toda especulação, o final da história tende a ser desastroso. Com a falta de informação sobre esses ativos, vemos diversas novas empresas prometendo retornos extraordinários e infactíveis na tentativa de atrair pessoas para as fraudes financeiras. Sim, estamos falando das tão famosas pirâmides.
No entanto, as pirâmides não são novas. Então, por que as pessoas ainda acreditam neste tipo de fraude? Como disse Friedrich Hegel, infelizmente o ser humano não aprende com a História.
Apenas uma pequena parcela de indivíduos astutos utiliza a História a seu favor para não cometer erros que foram cometidos no passado. Na tentativa de auxiliar estes indivíduos, contarei a história de Bernard Lawrence Madoff, o criador da maior pirâmide financeira da História.
Bernie Madoff, como é conhecido no mundo dos investimentos, nasceu em 1938, no Queens, em Nova Iorque. Aos 22 anos, o investidor fundou e se tornou presidente de uma sociedade de investimentos, a Bernard Madoff Investment Securities LLC.
Ganhando notoriedade em Wall Street, o carismático investidor atraiu milhares de clientes ao longo de décadas, prometendo resultados extraordinários. Com sua reputação impecável, Madoff ajudou a fundar e chegou a se tornar presidente da Nasdaq, uma das maiores bolsas de valores do mundo, no início da década de 1990.
Para seus investidores, infelizmente, o modelo de negócio era a maior pirâmide financeira da História, onde, segundo relatório, eram geridos cerca de US$65 bilhões de ativos de clientes. Ninguém sabe ao certo quando se iniciou a fraude, entretanto, o sistema funcionou por décadas com sua promessa de retornos elevados.
Segundo Bernie testemunhou em audiência, o esquema se iniciou em 1991, porém Frank DiPascali, diretor de contabilidade e CFO da empresa, que trabalhou com Madoff desde 1975, disse que a fraude ocorria desde que sua memória consegue se recordar.
O sonho acabou em 2008 quando, em meio à crise, diversos clientes optaram por sacar seu dinheiro e receberam a triste notícia de que não receberiam os recursos. Bernie contou para seus filhos sobre a fraude e o FBI foi acionado. No dia 11 de dezembro de 2008, Madoff foi preso e, pouco tempo depois, foi sentenciado a 150 anos de prisão.
O escândalo acabou com a família do investidor. Seu irmão, Peter Madoff, foi sentenciado, em 2012, a cumprir 10 anos de prisão por forjar documentos contábeis. Segundo Bernie, Peter não sabia da fraude.
Seus filhos foram poupados da cadeia, mas não tiveram um destino melhor. No segundo aniversário da prisão de seu pai, Mark Madoff se enforcou, tirando a própria vida em decorrência da repercussão do esquema criado por seu pai.
Seu irmão, Andrew Madoff, sofria de câncer (linfoma) e acabou falecendo em setembro de 2014. Os médicos afirmam que o câncer se encontrava em remissão até que o estresse causado pelo esquema criado por seu pai fez com que a doença evoluísse e levasse Andrew ao falecimento poucos anos depois.
A esposa de Bernie, Ruth Madoff, recentemente, aceitou pagar quase US$600 mil e entregar o restante de seus ativos, quando falecer, para ajudar na cobertura do rombo causado pela pirâmide financeira criada por seu marido.
Entretanto, os familiares não foram as únicas vítimas do esquema de Bernie Madoff. A Fairfield Greenwich Advisors, uma grande gestora de investimentos, chegou a investir US$7,5 bilhões com Madoff. Entre outros grandes investidores, estavam o Banco Santander, o HSBC, a Tremont Group Holdings e o Royal Bank of Scotland.