Balança de Pagamentos: o indicador das relações econômicas de um país
Todos os meses, o Banco Central divulga publicamente o saldo das transações que o Brasil realizada com o resto do mundo. Todas essas informações são compiladas em uma estrutura conhecida como Balança de Pagamentos.
Por demostrar um fluxo financeiro, a Balança de Pagamentos funciona como um interessante termômetro da economia nacional. Por isso, o seu resultado pode até mesma ajudar o governo a definir políticas econômicas – como a manutenção da taxa de juros, intervenções no mercado de câmbio, variação no valor da tributação, entre outras medidas.
O que é Balança de Pagamentos?
A Balança de Pagamentos é um instrumento financeiro que se refere ao registro de todas as transações que um país realizou com o restante do mundo, demonstrando o quanto de dinheiro entrou e saiu do país em um determinado período.
Esse fluxo não precisa ser necessariamente financeiro – mas também sob a forma de compra e venda de bens, serviços e produtos, doações, empréstimos, investimentos, entre outras operações.
No Brasil, a elaboração da Balança de Pagamentos é feita pelo Banco Central – o órgão responsável por administrar as reservas externas do país. Sua apresentação é anual, mas tendo alguns dados atualizados mensalmente.
Estrutura da Balança de Pagamentos
Basicamente, uma Balança de Pagamentos é composta por duas contas principais:
1. Conta-corrente:
A conta-corrente registra as entradas e saídas de capital originadas pelo comércio de bens e serviços. Ou seja, é nela que é registrada o resultado da balança comercial – que compreende a diferença entre exportações e importações.
Além disso, a conta-corrente também registra as transferências unilaterais e qualquer outro pagamento que seja dado sem uma contrapartida.
2. Conta Capital e Financeira
Já a conta capital e financeira tem por objetivo agrupar os investimentos, poupanças e transações financeiras realizadas entre o país e o exterior.
Dentre as operações registradas, estão os investimentos diretos (seja de brasileiros no exterior ou de estrangeiros no Brasil), os investimentos em carteira (negociações no mercado financeiro e similares) e as demais operações financeiras.
Também são reunidos na conta financeira as transferências de patrimônio e os saldos compensatórios – como direitos junto ao FMI e órgãos internacionais e empréstimos ou débitos vencidos no exterior.
Além disso, essa conta também contabiliza as reservas internacionais que um país possui, dentro da conta haveres.
3. Erros e Omissões
Além das duas contas principais, qualquer diferença na Balança de Pagamentos que não possa ser identificada é lançada no grupo Erros e Omissões.
Variação das reservas internacionais e conta haveres
A princípio, a soma das duas contas da Balança de Pagamentos será sempre zero. Porém, qualquer deficit na balança é registrado com o valor positivo na conta haveres – já que esta registra as reservas internacionais do país. Por outro lado, se a balança for positiva, é contabilizado um número negativo nesta conta.
Para exemplificar, suponha que a conta de transações correntes apresente resultado negativo (saída de capitais). Logo, isso significa que o país está financiando esse deficit com recursos da conta financeira. Isso pode acontecer, por exemplo, com a venda de títulos públicos para atrair capital estrangeiro.
Ou seja, para compensar a saída de capital do país, ocorreu um aumento da dívida externa, naquele mesmo valor. Com isso, as reservas internacionais diminuíram.
Como interpretar o resultado da Balança de Pagamentos?
No final das contas, o saldo da Balança de Pagamentos aponta quantitativamente se o país está exportando ou importando capital do exterior.
O superavit na Balança de Pagamentos indica a entrada de capitais do exterior. Ou seja, o país está aumentando suas reservas internacionais e atraindo moeda estrangeira para sua economia. Com isso, a moeda local se valoriza e o câmbio fica mais barato.
Já um resultado negativo – ou seja, um deficit na Balança de Pagamentos, significa que os recursos estão deixando o país. O país está perdendo suas reservas internacionais, o que motiva a desvalorização da moeda local e o encarecimento do câmbio.
Já quando a Balança de Pagamentos não apresenta deficit nem superavit, afirma-se que ela está em equilíbrio. Logo, a quantidade de recursos que entra e sai do país se manteve no mesmo nível.