Embora muitos países emergentes tenham conseguido crescer consideravelmente nos últimos anos, poucos deles realmente chegaram perto de atingir uma condição plena de desenvolvimento econômico. Isso se deve, principalmente, a uma situação macroeconômica conhecida como armadilha da renda média.
Estar preso na armadilha da renda média significa que o país conseguiu evoluir ao ponto de vencer a pobreza, mas não manteve o ritmo de crescimento para se tornar um país desenvolvido. Dessa forma, a economia fica presa entre a alta e baixa renda, sem ter condições de passar para um nível de desenvolvimento melhor.
O que é a armadilha da renda média?
A armadilha da renda média ocorre quando um país emergente para de crescer após um período de desenvolvimento muito acentuado. Ou seja, após o país saltar de uma situação de pobreza para um nível de renda intermediária, as altas taxas de crescimento dos anos anteriores não conseguem se sustentar e caem drasticamente, deixando o país estagnado.
Como o próprio nome sugere, essa evento denota uma condição onde o país entra em um nível de renda média, mas não consegue mais sair dele. De acordo com o Banco Mundial, um país de renda média possui um PIB per capita localizado na faixa entre US$1.036 e US$12.615.
Por que os países entrar na armadilha da renda média?
Geralmente, países estagnados na renda média possuem um histórico de subdesenvolvimento no passado e um crescimento acelerado em tempos recentes. Durante a fase de desenvolvimento, a expansão econômica do país é causada principalmente pela alta disponibilidade de mão-de-obra barata no mercado de trabalho.
Esse processo é alimentado, em grande parte, pelo êxodo rural, que transforma os trabalhadores do campo em força de trabalho assalariada nos centros urbanos. Por isso, nessa fase, a economia cresce pela “migração em massa” – que proporciona a abundância de trabalhadores necessária para o processo de acumulação de capital.
Além disso, com o gap entre os emergentes e as economias desenvolvidas, normalmente é adotado um modelo que replica tudo que os países avançados já fazem. Essa “imitação econômica” é uma forma rápida e barata de se desenvolver, com o potencial de gerar retornos ainda mais altos quando a distância entre os dois países é grande.
Porém, a medida que essa distância fica menor, e que todos os potenciais migrantes já saíram do meio rural para trabalhar nas cidades, esse crescimento começa a perder o fôlego. Com isso, a mão-de-obra deixa de ser abundante, os custos salariais aumentam, e o retorno marginal da produção começa a diminuir. Esse processo se estende até o esgotamento completo desse modelo.
Por isso, após crescer absurdamente com elevadas taxas, o país não consegue manter o mesmo desempenho e passa a crescer menos, já que não é possível replicar a mesma fórmula de crescimento anterior. Logo, se a economia não encontrar outras formas de se desenvolver, o país fica preso dentro da armadilha de renda média.
Como um país pode escapar da armadilha da renda média
Entrar em uma armadilha da renda média significa que o país não conseguiu implementar outro vetor de crescimento além do modelo de acumulação e imitação. Por não serem sustentáveis, esses processos possuem um limite de esgotamento muito rápido.
Por isso, o verdadeiro modelo de crescimento precisa ser baseado em produtividade. Será apenas através de um ambiente favorável de negócios, com bom nível de competitividade, inovação, profissionais qualificados e com um nível de educação razoável que a economia irá ter ganhos sustentáveis para crescer e vencer a armadilha da renda média.