Alta do dólar: entenda como ela afeta a vida dos brasileiros
A alta do dólar é tema recorrente do dia a dia, presente na maior parte dos noticiários televisivos e jornais. Mas nem sempre a forma como a variação do dólar impacta a vida do brasileiro comum fica evidente.
A alta do dólar em relação à moeda brasileira pode afetar desde as coisas mais simples, como o preço do pão, até as mais complexas como a atividade exportadora, o mercado financeiro e o PIB do Brasil.
O que é alta do dólar?
A alta no dólar consiste no aumento do preço do dólar frente ao real. Dessa forma, o preço do dólar em reais, ou seja, sua a cotação, é definida pela relação de oferta e demanda entre a moeda americana e a brasileira. Dessa forma, quando há uma maior procura de dólares no Brasil, há uma alta no dólar.
O mercado de câmbio no Brasil, funciona sobre o regime de câmbio flutuante, portanto, em tese não há intervenção nesse mercado. Esse regime faz com que a cotação do dólar varie livremente apenas sob a lei de oferta e demanda entre a moeda americana e a brasileira.
Quanto o dólar já subiu desde o Plano Real?
No Plano Real, em 1994, houve a adoção de uma nova moeda para ser usada no Brasil, o real. Inicialmente, a proporção entre real e dólar era de um para um (ou seja, um dólar valia um real).
Por um breve período, houve uma valorização do real frente ao dólar, ainda nos anos 90. Em 1999, o Brasil adota o regime de câmbio flutuante. Com a eleição de Lula em 2002, chegou aos R$3,89.
Em seguida, o câmbio diminuiu para a faixa dos R$1,50 por muitos anos, até a crise econômica brasileira. A alta do dólar motivo foi a corrupção no governo, que se agravou no fim dos anos 2010.
Nos últimos anos, o dólar tem se valorizado fortemente em relação ao real, tendo chegado a valores acima dos R$5 e mantendo-se ate então nessa faixa.
Qual a tendência para o dólar nos próximos anos?
Conforme o Boletim Focus, que dá previsões para importantes dados econômicos do país, estima-se que o câmbio para os próximos anos pode diminuir um pouco e ficar na faixa dos R$5.
Sendo assim, é possível que haja uma diminuição inicial para a casa dos R$5,20, o que significa uma valorização do real frente ao dólar. Com o tempo, é possível que o câmbio chegue até cerca de R$4,90.
No entanto, é preciso estar atento aos indicadores econômicos e, sobretudo, ao gasto do governo, que dá indícios de ser elevado no próximo governo. Portanto, quem deseja investir em dólar deve prestar atenção no cenário macroeconômico.
Alguns especialistas, por outro lado, alegam que a alta do dólar lula é possível, uma vez que o país pode perder o grau de investimento dependendo das decisões macroeconômicas do governo.
Quais os motivos da alta do dólar?
Vários fatores podem influenciar o aumento do dólar.
1. Gasto de turistas brasileiros no exterior
Em primeiro lugar, há fatores mais comuns, como por exemplo, gastos de turistas brasileiros no exterior.
Uma vez que, para que os turistas brasileiros possam fazer compras em outros países, eles precisam comprar dólar. Sendo assim, eles vendem seus reais e compram dólares.
No entanto, vale notar que a cotação do dólar para turistas é um pouco diferente da cotação do dólar comercial, usado como base em exportações e importações.
2. Saldo negativo da balança comercial brasileira
Em segundo lugar, outros fatores de caráter mais estrutural também influenciam na desvalorização do real, como saldo negativo da balança comercial.
Esse resultado ocorre quando há mais importações do que exportações. Ou seja, mais moeda estrangeira saiu do país do que entrou.
Quando países tendem a exportar mais bens para outros países, a tendência é que a moeda local se valorize, pois está sendo mais utilizada. No entanto, uma balança comercial desfavorável pode prejudicar o valor da moeda.
3. Taxa básica de juros do Brasil e EUA
Além disso, o nível da taxa básica de juros (ou taxa Selic), tanto americana quanto brasileira, também influenciam a cotação do dólar. Visto que, quando a taxa de juros no Brasil cai ou nos EUA sobe, fica menos vantajoso investir no Brasil.
Sendo assim, os investimentos que estavam no Brasil acabam migrando para fora do país. Quando esse movimento ocorre, há venda de reais e compra da moeda dos EUA, o que gera uma alta na cotação.
De fato: para muitos investidores, é mais seguro alocar capital em renda fixa ou ações americanas e de outros países com economias mais estáveis do que arriscar o capital em um país com mais insegurança.
Portanto, passa a ser preciso ter uma taxa de juros mais elevada para que investidores aloquem capital no Brasil.
4. Controle do mercado de câmbio
Por fim, em períodos de crise ou forte especulação contra o real, o governo brasileiro costuma intervir para controlar o mercado de câmbio.
Essa intervenção é realizada para impedir uma valorização ou depreciação excessiva, tendo como nome flutuação suja do câmbio.
No entanto, no Brasil, desde 1999, o regime de câmbio é o câmbio flutuante, que permite que o valor da moeda varie em função da oferta e demanda do mercado.
Quais são as consequências do dólar alto na economia brasileira?
As consequências da alta do dólar também chegam à microeconomia, uma vez que a moeda também está presente nas transações financeiras brasileiras.
Por exemplo: se o governo ou empresários têm empréstimos nessa moeda e há uma valorização da cotação, a dívida ficará maior em moeda nacional.
Além disso, empresas que necessitam de insumos provenientes do estrangeiro também têm prejuízos, uma vez que elas devem optar por passar os maiores custos de produção para o consumidor (o que pode diminuir as vendas) ou diminuir sua margem.
Contudo, a desvalorização do real não é sempre um fator negativo, principalmente em âmbito da macroeconomia.
Por exemplo, quando há uma apreciação da moeda americana em relação ao real, isso acaba por beneficiar o setor exportador. Isso ocorre porque o produto brasileiro fica mais barato em moeda americana, o que tende a levar a um aumento nas vendas lá fora.
Além disso, o real mais barato estimula o setor de turismo, pois turistas estrangeiros acham mais interessante vir ao país por conta dos menores custos.
Quais os impactos da Alta do Dólar no dia a dia?
Apesar da moeda dos EUA não ser a moeda corrente no Brasil, seu valor em reais possui um impacto direto na vida de todo consumidor brasileiro.
Sendo assim, ele ocorre, sobretudo, porque uma parte relevante dos produtos ou vem ao Brasil por meio de importações ou tem alguma relação com produtos importados.
Dessa forma, quando a moeda americana está alta, a tendência é que isso gere inflação na economia brasileira.
A relação dos produtos consumidos no Brasil com o dólar é mais estreita do que aparenta. Por exemplo: o pão que a maioria dos brasileiros consome todos os dias é produzido por aqui.
Entretanto, o trigo, que é um insumo básico para a produção dos pães, vem ao Brasil por meio de importação. Dessa forma, uma valorização do dólar pode acarretar na alta do preço do pão para o consumidor final.
Além disso, há outros casos nos quais essa relação é mais direta, como nos produtos eletrônicos, como celulares e computadores: esses itens têm produção no exterior, e o produto final vai para o Brasil por meio de importação.
Por fim, o preço da gasolina é outro fator que sofre influência do dólar, pois o valor varia de acordo com a variação da cotação internacional do barril de petróleo e com a variação do dólar.
Dessa forma, quando há um aumento no dólar, esse aumento vai para o preço final da gasolina nos postos de abastecimento.
Qual a influência do dólar alto nos investimentos?
De fato, outro ponto positivo pode ser em relação aos investimentos realizados no Brasil oriundos do exterior: a valorização da moeda americana em relação ao real deixa a moeda brasileira mais barata.
Sendo assim, investidores de outros países podem investir em empresas brasileiras com mais segurança, fazendo com que a alta do dólar nos investimentos seja algo positivo.
Por outro lado, o investidor brasileiro que deseja investir no exterior também pode se beneficiar da valorização da moeda americana, pois seus investimentos podem valorizar com o aumento da cotação das empresas e por conta do câmbio.
Dessa forma, o investidor pode conseguir uma boa valorização com seus ativos, desde que escolha bem sua carteira de investimentos e pense em aplicações de longo prazo.
No entanto, é preciso avaliar, de acordo com o valor do dólar, se vale mais a pena investir em ativos no Brasil ou no exterior: em momentos de baixa, pode valer a pena investir em território brasileiro.
Entretanto, é importante avaliar cada situação para chegar à conclusão adequada a respeito de qual é a melhor opção.
Esse artigo ajudou você a entender como a alta no dólar impacta a vida dos brasileiros? Deixe suas dúvidas e comentários abaixo.
Quanto o dólar já subiu desde o plano real?
No início do plano real, em 1994, 1 real valia 1 dólar. Hoje, 1 dólar vale mais de 5 reais, mostrando uma perda de cerca de 80% do valor de compra da moeda brasileira.
Quais os motivos da alta do dólar?
Existem vários motivos para a alta do dólar, como gastos de turistas brasileiros no exterior, saldo negativo na balança comercial, taxa básica de juros do Brasil e dos EUA), e controle do mercado de câmbio.
Quanto o dólar subiu em 2022?
O dólar subiu de cerca de R$5,19 para R$5,47 no ano de 2022 – um aumento de cerca de 5,4%.
Qual a tendência do dólar em 2023?
A tendência do dólar em 2023 pode ser de estabilização e diminuição, caso o novo governo tenha decisões econômicas moderadas. No entanto, caso os gastos do governo aumentem de forma considerável e o país perca seu grau de investimento, o dólar pode aumentar ainda mais.