Com o encerramento do 2T2022 e início do terceiro trimestre do ano, aumentam as expectativas dos agentes do mercado de capitais pela agenda de resultados do segundo trimestre de 2022. Ou seja, pelas datas de divulgação dos números reportados pelas companhias ao longo do 2T22.
Vale ressaltar que a agenda de resultados do segundo trimestre de 2022 é uma das mais aguardadas pelo mercado dos últimos tempos. Afinal, com a bolsa em bear market, o resultado das empresas serão fundamentais gatilhos de alta ou baixa para as ações — dependendo da performance de cada uma.
O que esperar dos resultados do segundo trimestre de 2022 (2T22)?
As expectativas mais elevadas pela divulgação dos números das empresas ao longo da agenda de resultados do segundo trimestre de 2022 é compreensível. Isto porque, nesse período, o mercado observou uma queda generalizada nos preços das ações de empresas da B3 (Brasil, Bolsa Balcão).
Alguns dos motivos para as quedas das cotações das ações brasileiras são:
- Aumento do risco político, com a proximidade das eleições;
- Aumento do risco fiscal, com o início de políticas populistas;
- Maior expectativa de desaceleração econômica e recessão;
- Expectativa de queda do consumo da população;
- Elevação da taxa de juros dos Estados Unidos;
- Elevação da Taxa Selic.
Apesar do cenário macroeconômico doméstico desfavorável, o status de bear market, na verdade, não é exclusividade no Brasil, sendo que outros mercados também têm sentido com as quedas de preços. No caso dos EUA, o índice S&P 500 sofreu uma das maiores quedas em um primeiro semestre da história, de 21%.
No entanto, é preciso ressaltar que, antes das quedas, o mercado acionário brasileiro já estava sendo negociado a múltiplos baixos. Ou seja, já estava considerado descontado. Agora, com as quedas observadas no segundo trimestre, o preço dos ativos ficou ainda mais depreciado.
Além disso, os resultados das empresas brasileiras estavam em melhoria generalizada nos últimos trimestres, mas resta dizer se esse cenário irá se interromper com a agenda do 2T22. Afinal, a taxa de juros mais elevada e a inflação de custos sem dúvida irão contaminar os números das companhias no período.
Projeções para os resultados do 2T2022 das empresas da B3 (Bovespa)
No que se refere às projeções para os resultados do 2T2022 das empresas da B3 (Bovespa), como foi colocado, as empresas brasileiras vinham observando uma expansão de resultados nos últimos trimestres. Sendo que isso vinha sendo reflexo de alguns fatores, como:
- Aumento da confiança dos empresários e dos consumidores;
- Estímulos econômicos dados pelo governo;
- Reabertura da economia após pandemia;
- Alta dos preços das commodities;
- Queda do desemprego.
Esses fatores, além de outros, em conjunto, estavam contribuindo para uma melhoria generalizada nos resultados das companhias da B3. Isso foi observado desde o início de 2021 até o primeiro trimestre de 2022.
Todavia, com o aumento dos ruídos políticos e fiscais no Brasil no 2T22, o otimismo foi deixado de lado, abrindo espaço para as quedas nos preços. O cenário de bear market foi intensificado com o aumento do risco no mercado internacional, devido à inflação global, ao aumento de juros nos EUA e às consequências da guerra da Rússia e Ucrânia.
Com isso, o índice Bovespa (Ibovespa) acabou amargando quase 18% de queda no 2T22, como pode ser observado abaixo:
Como foi colocado, vários fatores que desencadearam a queda generalizada dos preços são externos e não afetam individualmente diversas empresas. Portanto, o resultado operacional alcançado por elas no 2T2022 será um fundamental gatilho para recuperação nas cotações.
Por outro lado, companhias mais afetadas pelo cenário atual de juros e inflação mais altos podem ter seus números impactados. Assim, os preços atuais das ações podem justificar o novo cenário.
Projeções para os resultados de setores da bolsa
Obviamente, cada setor da bolsa possui particularidades, impactado diferentemente pelas variáveis e cenários econômicos. Abaixo, algumas das projeções para os resultados de setores da bolsa.
Setor financeiro
As empresas do setor financeiro, ou seja, bancos e seguradoras, devem ser as mais beneficiadas no ambiente atual. Isto porque, com o aumento da Taxa Selic, o spread bancário tende a subir, aumentando a margem dessas empresas.
Nesse setor, vale a pena ficar atento aos resultados de Itaú (ITUB3), Santander (SANB11), Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC3).
Varejo
O resultado das empresas varejistas deve ser um dos mais negativos da bolsa brasileira, o que tem sido precificado no preço das ações desse setor na bolsa, que acumulam quedas superiores a 90%.
Isso porque, com a inflação mais alta, os custos dessas companhias se elevaram bastante. Além disso, o volume de vendas já tem sido observado em queda, na medida em que a taxa de juros mais alta desestimula as vendas.
Nesse setor, a atenção do mercado ficará voltado para os resultados de Magazine Luiza (MGLU3), Via Varejo (VIIA3) e Lojas Americanas (AMER3).
Turismo
Apesar da reabertura econômica, as empresas do setor de turismo ainda devem sofrer nos resultados do segundo trimestre. Do lado das companhias aéreas, os custos mais elevados, sobretudo com combustível, devem ser o pior ponto negativo.
A atenção ficará para o resultado de CVC (CVCB3), Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4).
Commodities
O setor das empresas de commodity deve ter resultados mais uma vez de chamar a atenção no 2T22. Isto devido aos preços mais altos dos insumos no segundo trimestre, sobretudo do minério de ferro e do petróleo. Ainda, o câmbio do dólar norte-americano mais alto continuará beneficiando o resultado dessas companhias.
Sem dúvida, a maior atenção do mercado estará para os resultados de Petrobras (PETR3) e Vale (VALE3).
Construtoras
A expectativa pelos resultados das construtoras não é positiva, não é à toa que algumas empresas desse setor acumulam queda superior a 70% na bolsa. Os dois principais fatores negativos são a alta da taxa de juros, que prejudica as vendas com financiamentos, e o aumento expressivo dos custos de construção, que devem comprimir a margem bruta.
Entre os resultados mais esperados estão da Eztec (EZTC3), Even (EVEN3), MRV (MRVE3) e Cyrela (CYRE3).
Calendário de divulgação dos resultados do segundo trimestre de 2022 (2T2022)
Após entender melhor o que o mercado espera dos resultados das empresas, o próximo passo é conhecer o calendário de divulgação dos resultados do 2T2022.
Assim, será possível conferir os números reportados por cada companhia e acompanhar como cada uma delas tem performado no atual cenário de incertezas. A seguir, em ordem cronológica, a lista com as datas do calendário de resultados do 2T2022 das empresas listadas na B3 (Bovespa).
Resultados do 2T2022 a serem divulgados em julho de 2022
Resultados do 2T2022 a serem divulgados em agosto de 2022
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