O primeiro trimestre fiscal começou com grande pessimismo na bolsa de valores, com os ativos de renda variável tendo resultados bastante insatisfatórios. Assim, o mercado anseia pela divulgação da agenda de resultados do 1T 2023 para determinar se o ceticismo é exagero ou se estará concretizado nos números das companhias.
Contudo, é preciso pontuar que a agenda de resultados do 1T 2023 já costuma apresentar — pela sua sazonalidade — números mais brandos. Desta vez, isso não deve ser diferente, mas o início de um novo governo no poder executivo gera mais dúvidas sobre a performance das companhias durante o 1T2023.
O que esperar dos resultados do primeiro trimestre de 2023 (1T23)?
Obviamente, a grande dúvida de qualquer investidor da bolsa é o que esperar dos resultados do primeiro trimestre de 2023 (1T23). Afinal, as cotações das empresas de capital aberto responderão diretamente aos números a serem reportados.
Isto é, se apresentados melhor do que o esperado, os papéis tendem a subir. Da mesma forma, se divulgados abaixo do previsto, as cotações tendem a repercutir negativamente.
No entanto, como já foi colocado, os números reportados pelas companhias durante a agenda de resultados do primeiro trimestre já costumam ser mais fracos. Sobretudo se comparados com o trimestre anterior, o quarto e último trimestre fiscal de cada ano, que costuma ter os mais fortes resultados.
Mas o mercado já possui essa informação e, mesmo assim, os ativos do índice Bovespa tiveram desempenho bastante negativo no 1T23. Abaixo, é possível conferir a queda de 7,2% do principal índice da bolsa (ibovespa) durante o primeiro trimestre de 2023:
Alguns dos fatores que contribuíram para o desempenho negativo no período foram:
- Desconfiança do mercado com o novo governo;
- Patamar elevado de 13,75% ao ano na Taxa Selic;
- Elevados resgates de fundos de investimentos com ativos de renda variável;
- Maior percepção de risco com relação às políticas fiscais do governo;
- Risco do aumento dos impostos e gastos do governo;
- Aumento das taxas de juros futuras.
É preciso destacar que os fatores acima e o resultado do índice apresentado são indicadores macros. Ou seja, não são a realidade e o contexto de todas as companhias com capital aberto da bolsa.
Por isso, é necessário conhecer as projeções para os resultados do 1T2023 das empresas da B3 (Bovespa) individualmente. Afinal, cada companhia pode ter impactos diferentes neste contexto macroeconômico nos seus resultados.
Projeções para os resultados do 1T2023 das empresas da B3 (Bovespa)
Apesar das expectativas gerais serem piores para os resultados para as empresas no primeiro trimestre, é importante conhecer as projeções para os resultados do 1T2023 específicos para cada companhia ou setor.
Isso porque, apesar do cenário macro negativo, existem setores que podem se beneficiar de algumas variáveis. Por exemplo, a taxa de juros mais elevadas, que, por um lado, prejudicam o lucro de empresas endividadas, mas que, de outro lado, contribuem para os números de bancos e seguradoras.
Da mesma forma, empresas específicas de alguns setores também podem sair beneficiadas por suas vantagens competitivas. Como a Vivara (VIVA3), que apesar de pertencer ao setor de varejo — grande prejudicado no contexto de juros elevados — possui caixa líquido e atua no setor de luxo, com menor volatilidade de demanda.
Abaixo, portanto, algumas das projeções e expectativas para os principais setores de empresas da bolsa na agenda de resultados do primeiro trimestre de 2023.
Commodities
No setor de commodities, os resultados das empresas de capital aberto do setor devem sofrer queda no 1T23. Afinal de contas, os preços dos principais produtos — o minério de ferro e o petróleo — tiveram forte queda no período, o que deve impactar negativamente os resultados da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR3).
Varejo
Do lado do varejo, o pessimismo do mercado e o reflexo nas quedas das cotações não é à toa. A taxa de juros, que continuou elevada no primeiro trimestre, prejudicará os números em duas frentes.
A primeira, no resultado financeiro das companhias, que será consumido com elevadas despesas com juros sobre o endividamento. Já a segunda, do lado da demanda, com o desincentivo ao consumo das famílias.
Construtoras
Da mesma forma que o varejo, os resultados das construtoras e incorporadoras devem ser fortemente impactados pelo juros elevados e persistentes. A despesa financeira deve consumir o lucro operacional (EBIT), enquanto que a receita e as vendas devem ser mais baixas, com o desestímulo ao financiamento habitacional.
Além disso, a atenção com relação aos resultados das construtoras também deve ficar com a margem bruta do setor. Isto em um cenário em que a inflação da construção civil, medida pelo INCC, arrefeceu e deveria contribuir para a recomposição da margem dessas empresas.
Turismo
Um dos setores que mais sofreu com a pandemia, o turismo também deve ser ponto de atenção dos investidores, com a observação na recuperação dos resultados. Contudo, pela sazonalidade mais fraca do primeiro trimestre, os números não devem surpreender.
Setor financeiro
Por fim, o setor financeiro deve ser um dos destaques de resultados ao longo da agenda do 1T2023. Nos bancos e seguradoras, a taxa de juros mais elevada contribui para números mais positivos.
Todavia, ainda assim existem pontos de atenção. Principalmente com relação aos índices de inadimplência e aos indicadores de rentabilidade, sobretudo sobre o patrimônio líquido, medido pelo ROE (return on equity).
Calendário de divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2023 (1T2023)
Após conhecer as projeções para os resultados das empresas, o próximo passo é saber o cronograma do calendário de balanços do 1° trimestre. Assim, abaixo é possível conferir a lista com as datas do calendário de resultados do 1T2023 em ordem cronológica.
Resultados do 1T2023 a serem divulgados em abril de 2023:
Resultados do 1T2023 a serem divulgados em maio e junho de 2023:
Ficou com mais alguma dúvida sobre a agenda de resultados do 1T 2023? Deixe nos comentários abaixo.