Um ponto muito importante que deve sempre ser avaliado no momento de comprar uma ação, é o valuation da empresa. Afinal, pode não ser muito vantajoso comprar uma boa companhia, mas que esteja sendo negociada por um preço muito elevado.
Nesse sentido, um dos focos principais dos investidores deve ser a busca por bons ativos que estejam sendo negociados abaixo do seu valor justo. Para auxiliar o investidor nessa busca, é de extrema importância o conhecimento sobre Valuation e a análise fundamentalista.
Em 2025, com o aumento da complexidade regulatória, a expansão do uso de inteligência artificial em finanças e um ambiente de juros elevados e inflação acima da meta, o domínio do valuation se tornou ainda mais relevante.
Entender o valor intrínseco de uma empresa não é apenas uma vantagem competitiva, é uma necessidade para quem deseja tomar decisões bem fundamentadas no mercado financeiro.
Neste guia, você vai entender o que é valuation, como ele é calculado, os principais métodos tradicionais e alternativos, além das novas tendências e exemplos práticos.
Valuation, em português “Avaliação de Empresas“, é o processo para estimar o valor justo de uma empresa, também chamado valor intrínseco
Com base nos resultados encontrados a partir do Valuation e do preço atual da ação, é possível estimar qual é o potencial de alta que existe para o investimento, além da margem de segurança. Com isso, analistas e investidores podem se sentir mais seguros para realizar a compra ou venda dos ativos.
Na metodologia do valuation, existem diversas técnicas de avaliações que podem ser utilizadas para fazer conjecturas a respeito do valor de uma companhia. Nesse sentido, a mais conhecida entre elas é o Fluxo de Caixa Descontado – FDC.
No entanto, outras técnicas também podem ser empregadas para realizar essa análise. Dentre elas, destaca-se a análise comparativa de múltiplos e a avaliação histórica de múltiplos..
É muito importante ressaltar, entretanto, que para se encontrar o valor justo de uma empresa, é necessário utilizar estimativas acerca do seu futuro. Nesse sentido, em decorrência de acontecimentos não esperados, o resultado do processo de valuation pode ser divergente do previamente calculado e esperado, especialmente em cenários voláteis como o de 2025, com maior peso para riscos macroeconômicos, mudanças regulatórias e inovação tecnológica.
Ademais, a depender das premissas utilizadas e os números utilizados no Fluxo de Caixa Descontado, por exemplo, o valor justo de uma ação definido por um investidor pode ser totalmente diferente do valor encontrado por outro.
Dessa forma, podemos dizer que o valuation não envolve apenas a aplicação de uma fórmula matemática, mas é uma metodologia que abrange diversos fatores subjetivos, os quais podem variar segundo as perspectivas que cada investidor tem sobre o futuro da empresa analisada.
Por fim, vale destacar que o valuation é uma ferramenta valiosa para estimar ou ter uma ideia do valor justo de uma ação, mas que deve ser utilizado com bastante cautela. Isso por os resultados serem muito subjetivos e dependem intimamente das premissas e métodos utilizados.
Portanto, apesar de muito relevante na tomada de decisão, o valuation de uma empresa não deve ser o único critério utilizado pelo investidor. Antes de realizar o investimento em um ativo, o investidor deve buscar mesclar diferentes tipos de análise.
Você, como consumidor, aceitaria pagar R$ 50 em um cacho de bananas? Ou R$ 10 em uma bala? Provavelmente não. No mercado de capitais as coisas são semelhantes:
Ninguém quer, ou deveria querer, pagar um preço maior do que vale um ativo.
No caso da bala, o consumidor deveria procurar o preço desses produtos em outros comércios, ou também pesquisar por produtos similares e comparar seus preços. Se a média de preços das balas está em torno de R$ 0,15, então pode-se concluir que R$ 10,00 é extremamente caro.
O consumidor também poderia considerar o custo de produção desses produtos. Sabe-se que para produzir uma bala alguns centavos são suficientes. Além disso, mesmo que se assuma que a fabricante e o comerciante trabalhem, com margens mais elevadas, ainda assim, o preço justo de uma bala não deveria ser muito superior a R$ 0,30, por exemplo
Portanto, R$ 10 em uma única bala é um absurdo, é algo fora da realidade. O consumidor, ao comparar preços, e identificar os custos envolvidos neste produto, estimando uma margem de lucro, poderá reconhecer facilmente e identificar se um produto está sendo vendido por um preço justo, ou muito caro.
Ao comparar preços e tentar identificar o valor justo de um produto, o consumidor está fazendo uma espécie de valuation. Comprar um produto por um preço justo, ou barato, garante-lhe uma economia de capital, e uma margem de segurança na compra.
Paralelamente o mercado de ações também funciona assim. Por exemplo, se temos duas empresas com fundamentos e histórico semelhantes que operam num mesmo setor, e a primeira negocia por 10 vezes o lucro, e a segunda negocia por 15 vezes, nitidamente a primeira empresa, a que negocia com um Preço/Lucro (P/L) de 10, é a mais barata.
Comprando essa empresa por um P/L menor, deverá também, geralmente, garantir dividendos maiores para o investidor, e obviamente, um maior potencial de valorização no longo prazo.
Além disso, comprar ativos que estejam com valuation atrativos gera também uma maior margem de segurança ao investidor, o que é uma das principais vantagens de se comprar ativos descontados.
A margem de segurança gerada pela compra de um ativo com um bom valuation, é extremamente importante. Isso porque, caso algo de errado ocorra com aquela empresa, ou seus lucros e resultados cresçam menos que o esperado, o investidor estará naturalmente mais protegido do que aqueles que compraram ativos a preços caros.
Comprar uma ação por um valuation caro, estimando um crescimento muito elevado para o futuro, pode ser muito perigoso, e coloca o investidor em uma situação de grande risco de perdas, já que ele pode estar assumindo premissas que nunca irão se concretizar.
Na metodologia de valuation, existem diversos métodos que podem ser utilizados para estimar o valor justo de uma empresa. Cada um tem suas particularidades e se aplica melhor a determinados tipos de negócios ou contextos econômicos. A seguir, destacamos os principais métodos usados por analistas e investidores:
- Fluxo de Caixa Descontado (FCD) ou Discounted Cash Flow (DCF);
- Múltiplos de Mercado;
- Valuation Contábil;
- Valuation de Liquidação;
- Valuation Pré-Investimento;
- Valuation Pós-Investimento;
- Modelo de Gordon.
Fluxo de Caixa Descontado – FCD
A análise a partir do Valuation calculado pelo modelo de fluxo de caixa propõe uma abordagem de valor intrínseco para a empresa com projeções de lucro futuro aplicando o desconto do risco associado ao investimento.
Quanto maior o espaço de tempo analisado, mais complicadas e menos precisas se tornam as projeções. Afinal, é naturalmente mais fácil fazer um prognóstico para o próximo ano do que para daqui a 10 anos. Nesse sentido, a base de cálculo do FCD usa entre cinco anos (mínimo) e dez anos (máximo) para fazer suas projeções.
As principais vantagens desse modelo são a apresentação dos riscos à companhia e capacidade de mostrar uma avaliação de caixa no médio prazo. Além disso, um modelo FCD permite que o analista possa prever o valor com base em diferentes cenários e até mesmo realizar uma análise de sensibilidade.
Para empresas de porte maior, o valor de FCD é comumente uma análise de soma das peças, em que unidades de negócios diferentes são modeladas individualmente e adicionadas juntas.
No entanto, paralelamente aos bons resultados, essa metodologia é mais dispendiosa e exige mais esforço e tempo de trabalho.
Em 2025, com o avanço das ferramentas de automação e IA, tornou-se mais comum o uso de simulações de cenários múltiplos e análises de sensibilidade para aprimorar as estimativas.
Premissas importantes no DCF:
- Crescimento projetado da receita e dos lucros;
- Investimentos futuros (Capex);
- Taxa de desconto (WACC — custo médio ponderado de capital);
- Valor residual ao fim do período de projeção.
Múltiplos de Mercado
O Valuation calculado a partir do método de Múltiplos de Mercado permite uma avaliação através da comparação relativa de indicadores de empresas que atuam em determinado setor.
Esse modelo consiste em comparar os indicadores de uma empresa com os de outras companhias do mesmo setor ou com médias históricas.
Os múltiplos mais utilizados são:
- P/L (Preço/Lucro)
- EV/EBITDA (Valor da Firma sobre o Lucro Operacional)
- P/VP (Preço/Valor Patrimonial)
Essa abordagem é mais prática e rápida, sendo muito usada para análises preliminares ou em relatórios de recomendação.
Entre os valores referenciais mais usados normalmente está o Ebitda ou Lajida que expressa o lucro da empresa antes dos juros, impostos, depreciação e amortização.
Apesar de consistir em uma metodologia bastante usada, sobretudo pela facilidade de ser aplicada, o método de valuation de múltiplos de mercado pode exibir alguns problemas. Isso porque é bastante difícil encontrar empresas que atuem no mesmo setor e possuam modelo de negócio idêntico.
Nesse sentido, ao usar o modelo comparação, algumas especificidades podem ser desconsideradas. Além disso, o modelo não analisa o momento da empresa, mas o período como um todo.
Valuation Contábil
No método de valuation contábil é considerado unicamente a contabilidade da empresa, ou seja, seu patrimônio líquido.
Contudo, mesmo que haja descontos referentes a depreciação e amortização do período, essa metodologia costuma ser insuficiente para estabelecer um valor real de uma empresa.
Esse método costuma ser mais útil em situações de liquidação, recuperação judicial ou avaliação de empresas com ativos físicos relevantes. No entanto, o ponto fraco do modelo contábil é que ele desconsidera os bens intangíveis de uma empresa incluindo a marca, patentes, franquias, entre outros.
Valuation de Liquidação
O método de liquidação consiste basicamente em somar todos os ativos e subtrair os passivos. Ele é usado amplamente quando as empresas em situações onde as empresas estão sendo fechadas, por isso o termo liquidação.
Outra variável considerada para essa metodologia de cálculo do valuation é o tempo. Nesse caso, os analistas buscam estimar um curto prazo para calcular por quanto os proprietários podem vender o que sobrou do patrimônio.
Valuation Pré-Investimento
Como já sugere o nome, o Valuation Pré-Investimento está relacionado ao valor de mercado da empresa antes da entrada de um aporte financeiro.
Suponha, por exemplo, que antes de receber um investimento de R$ 1 bilhão, a empresa tinha um valor estimado de R$ 5,7 bilhões. Esse último era o valor do valuation pré-investimento.
Valuation Pós-Investimento
Já o valuation pós investimento, como pode ser facilmente deduzido, é o valor que considera o montante total após a injeção do aporte.
Essa modalidade de Valuation é a usada para definir a participação de um investidor na empresa. Os cálculos sempre devem ser realizados após o aporte. Além disso, com o valuation pós-investimento também é possível realizar cálculos sobre o crescimento das empresas.
Modelo de Gordon
O modelo de Gordon é um modelo que baseia-se na estimativa de dividendos futuros que crescem a taxas constantes e, por conta disso, é preciso que se tenha muita sensatez ao utilizá-lo. Como se sabe, os dividendos, assim como as demais métricas e características das empresas, dificilmente seguem o mesmo padrão no longo prazo.
Dito isso, pode-se atribuir o dividendo pago por ação de determinada companhia em um ano e assumir a premissa de que ele irá crescer a taxas constantes ao longo do tempo.
Assim sendo, pode-se definir que o modelo na fórmula de Gordon:
- Preço = Dividendos por ação / (K – G)
Onde,
- Dividendos por ação: o dividendo por ação esperado nos próximos doze meses;
- K: a taxa de desconto que um investidor deveria esperar desta ação;
- G: a taxa de crescimento dos dividendos na perpetuidade.
Saber como realizar valuation é uma dúvida bastante pertinente e comum entre os investidores. Tendo isso em vista, trataremos à frente, num passo a passo detalhado, como fazer valuation usando o método de Fluxo de Caixa Descontado.
O modelo FCD é o modelo considerado como o mais completo e indicado para investidores que querem fazer uma avaliação com o máximo de precisão possível.
1. Projeção de fluxo de caixa
A primeira coisa a se elaborar para a avaliação de empresas, segundo o modelo FCD, é projetar o fluxo de caixa (montante recebido – montante total gasto) em um determinado período.
Para uma boa análise, um período considerado razoável é de cinco anos. Porém, esse tempo será determinado pela estabilidade da empresa em questão.
Alguns setores ligados à energi, por exemplo, tendem a ser mais estáveis, o que permite, portanto, uma avaliação mais fácil. Assim, nesses casos é possível usar um período ainda maior sem perder a qualidade dos dados.
Por outro lado, companhias menores, startups e empresas ligadas a setores mais dinâmicos como tecnologia, por exemplo, tendem a exibir resultados com maiores oscilações. Por isso, nesses casos os dados são menos confiáveis.
Portanto, para obter resultados mais confiáveis a sugestão é diminuir a estimativa de tempo e acrescentar as taxas de crescimento nas contas de fluxo de caixa para os próximos anos.
2. Definir a taxa de desconto
O segundo passo, e também o mais complexo do método FDC, é encontrar um parâmetro para estabelecer a taxa de desconto. Apesar de não ter uma lógica miraculosa por trás, a definição taxa não é consensual entre os analistas.
A taxa de desconto tem como finalidade representar a desvalorização do dinheiro ao longo do tempo, gerado pelas incertezas.
Esse valor, que deve ser maior que a Taxa Selic, precisa estar baseado no risco da empresa conforme outras possibilidades de investimento disponíveis, como a bolsa de valores, por exemplo.
Aqui começam as divergências: De um lado, muitos analistas sugerem que para calcular a taxa de desconto, deve-se utilizar o rendimento médio de empresas na Bolsa de Valores. Do outro lado, existem os analistas que defendem que a média de rendimentos em renda fixa deve ser usada.
Para complicar ainda mais, existe uma terceira corrente que defende uma composição mais complicada, que considera o custo de capital da empresa, além dos riscos médios do setor onde ela atua.
Diante desse impasse, uma solução interessante e também a mais usada é a base de rendimentos médios da Bolsa.
3. Somar todos os fluxos descontados
O valor encontrado a partir da soma de todos os fluxos de caixa, subtraídas as taxas de desconto é o valuation atual da empresa analisada.
Visto que a base para o cálculo principal já é conhecida é importante também conhecer outras possibilidades mais particulares de Valuation.
Diante do exposto, é possível perceber como é importante o investidor adquirir ativos que estejam sendo negociados com um valuation barato, porém, entendemos que, principalmente para aqueles que estão iniciando no mercado, fazer um valuation ou reconhecer as grandes oportunidades pode não ser tão simples.
Deste modo, para auxiliar os investidores que desejam investir em ativos baratos, resolvemos trazer três ações que hoje negociam com um bom valuation, e oferecem boa margem de segurança aos investidores.
Valuation do Itaú Unibanco (ITUB4)

O Itaú é uma das maiores empresas nacionais e o maior banco privado do Brasil, além de ser um dos bancos mais rentáveis do mundo. Apesar disso, o Itaú não deve exibir nos próximos anos o mesmo nível de crescimento exibido no passado.
Nos últimos anos, o crescimento do Itaú se deu em decorrência do ganho de market share e aquisição de novas empresas. No entanto, o banco já ocupa a posição de liderança no mercado nacional deixando pouca margem para uma expansão.
Além disso, aquisições de outros grandes bancos, que poderiam mudar o cenário, não devem ser permitidas pelos órgãos de defesa da concorrência, como o CADE, por exemplo. Nesse cenário a perspectiva é de que o crescimento do Itaú caminhe em linha com o crescimento do Produto Interno Bruto – PIB.
Além disso, em relação ao cenário concorrencial, as expectativas são de que não haja mudanças significativas. Mesmo que novos concorrentes possam surgir no mercado, a tendência é de que eles sejam incorporados por grandes empresas como ocorreu em outros momentos no passado.
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Nesse sentido, as premissas adotadas para análise foram:
Taxa de desconto:
- Beta: 0,95 (mensal, 120 meses, x Ibov
- Taxa de Risco: 7,5%
- Prêmio de Risco: 4,5%
Período de Alto Crescimento
Período de Crescimento Estável
- Taxa de crescimento: 6%
- Payout:66,67%
- ROE: 20$%
Substituindo esses valores em uma planilha de valuation, o valor justo encontrado para as ações ITUB4 usando como base um período de dez anos é de R$ 52,33. Comparando o valor atual que é de R$ 33,60 com o valuation encontrado para o ativo, é possível perceber que a ação está sendo negociada abaixo do seu valor justo.
Contudo, vale ressaltar que após a análise realizada em abril de 2018, as ações do Banco Itaú passaram por desdobramento nos preços, o que afastou o valor de negociação do seu valuation.
Valuation da Transmissão Paulista (TRPL4)
A Transmissão Paulista, é uma grande companhia de energia elétrica do Brasil. Sozinha a empresa é responsável por 30% de toda energia distribuída no país todo, 60% do total transmitido na região sudeste e 100% do que é consumido no estado de São Paulo.
Para atender sua demanda a companhia conta com cerca de 13 mil quilômetros de linhas de transmissão, 18,7 mil quilômetros de circuitos e 2,5 mil quilômetros de cabos de fibra ótica.;
Mesmo sendo uma empresa de excelência operacional, com um dos maiores ROE (17%) do segmento de distribuição, e boas margens, a Transmissão Paulista era negociada no momento desta análise a um preço ainda atrativo conforme o seu valuation.
As ações TRPL4 negociavam com um P/L de cerca de 6,58 vezes e um EV/Ebitda de apenas 6,21 vezes, ambos múltiplos bastante atrativos se comparados à média do segmento energético, demonstrando que a empresa se encontra num valuation atrativo.
Valuation da Guararapes (GUAR3)
A Guararapes foi fundada em Recife em Pernambuco em 1956. Ela atingiu o posto de maior rupo com atuação no setor de varejo e confecção da América Latina
Além de possuir três unidades fabris em Fortaleza e cinco fábricas em Natal, o grupo é dono das marcas Wolens, Pool Original, Midway Financeiras, do Shopping Midway Mall, do Teatro Riachuelo e controla ainda a gigante rede varejista, Lojas Riachuelo.
No momento desta análise as ações do grupo Guararapes GUAR3 eram negociadas com um P/L 15,87 vezes, sendo o mais baixo se comparado a outras empresas do setor. Já o EV/Ebitda da companhia era de 8,57 vezes, ficando em segundo lugar em ordem crescente.
Além disso, o P/VPA de 2,13 vezes da Guararapes, indica que a ação está sendo negociada acima do valor do patrimônio líquido da empresa, sendo comum em empresas cujas expectativas são positivas.
No entanto, o valor 2,13 vezes, um dos menores no setor, indica que a ação ainda está sendo negociada a um preço justo. Ou seja, não está cara.
Segue a tabela comparativa entre algumas empresas do setor de Consumo Cíclico e segmento de Tecidos, Vestuário e Calçados.
Indicador/Ação | Guararapes (GUAR3) | Hering (HGTX3) | Lojas Renner (LREN3) | Lojas Marisa (AMAR3) |
Preço/Lucro | 15,87 | 19,62 | 30,10 | 43,39 |
EV/Ebitda | 8,57 | 16,87 | 17,98 | 4,43 |
P/VPA | 2,13 | 3,56 | 7,77 | 1,26 |
Tendências de Valuation em 2025
Nos últimos anos, o processo de valuation passou por transformações importantes. Em 2025, analistas e investidores precisam considerar novas variáveis que impactam diretamente a precificação de ativos, tanto no aspecto técnico quanto regulatório e estratégico. Entre as principais tendências, destacam-se:
Inteligência artificial e automação
Ferramentas com IA se tornaram comuns para gerar modelos de valuation mais rápidos, com simulações automáticas de cenários, sensitividades e projeções. Esses sistemas reduzem erros manuais, ajudam a padronizar premissas e oferecem insights preditivos com base em dados de mercado em tempo real. Isso facilita tanto análises detalhadas quanto avaliações rápidas com maior embasamento.
Novas normas internacionais (IVS 2025)
Com o crescimento da profissionalização do mercado e das exigências de governança, o uso das International Valuation Standards (IVS) ganhou força. A versão 2025 reforça boas práticas como a justificativa das premissas utilizadas, clareza nos métodos escolhidos e a inclusão de fatores ESG e intangíveis no cálculo do valor da empresa.
Critérios ESG e percepção de valor
Empresas com boa performance ambiental, social e de governança passaram a ser mais bem avaliadas por investidores. O valuation em 2025 considera não apenas o lucro futuro, mas também o grau de risco associado à reputação da empresa, práticas sustentáveis e transparência corporativa, fatores que influenciam diretamente a precificação dos ativos no médio e longo prazo.
Valoração de intangíveis
Em um mundo mais digital e centrado em tecnologia, ativos como propriedade intelectual, base de dados, sistemas proprietários, talentos estratégicos e cultura organizacional passaram a ser incorporados nos modelos de valuation, especialmente no setor de tecnologia, varejo digital, saúde e educação.
Ajustes em cenários de juros altos
O contexto de 2025, com taxa Selic ainda em dois dígitos (10,75%) e IPCA acumulado acima da meta, obriga analistas a ajustarem suas premissas de crescimento, custo de capital e fluxo de caixa. Empresas com alto endividamento ou com receitas atreladas ao consumo tendem a sofrer reavaliações negativas. Já aquelas com receitas indexadas à inflação ou com forte geração de caixa ganham destaque.
Métodos alternativos para startups e empresas em estágio inicial
Avaliar empresas em estágio inicial é um desafio, principalmente porque elas ainda não têm um histórico consistente de receitas ou lucros. Por isso, os métodos tradicionais como o Fluxo de Caixa Descontado ou análise de múltiplos nem sempre são os mais indicados. Para esses casos, existem abordagens específicas que têm ganhado espaço no mercado, especialmente no contexto atual de inovação acelerada.
Método Scorecard
O método Scorecard compara a startup em questão com outras startups semelhantes que já receberam investimentos. São considerados fatores como:
- Equipe fundadora;
- Potencial de mercado;
- Nível de competição;
- Estágio do produto;
- Necessidade de capital.
Em 2025, esse modelo passou a incorporar também critérios ESG, grau de inovação tecnológica e maturidade da governança corporativa, tornando a análise mais abrangente e alinhada às exigências de fundos institucionais.
Método Berkus
Criado por Dave Berkus, esse método estabelece um valuation inicial com base em cinco fatores principais:
- Ideia/produto básico;
- Qualidade da equipe;
- Protótipo funcional;
- Relacionamento com clientes;
- Potencial de crescimento.
Cada fator recebe uma pontuação que, somada, define o valuation estimado. Embora simples, o método continua sendo útil para empresas ainda em fase de ideação ou validação inicial.
Foco em inovação e mercado endereçável
Em startups, fatores como tamanho do mercado endereçável (TAM), modelo de monetização, escalabilidade e diferenciação da solução são essenciais. Investidores olham menos para os resultados atuais e mais para o potencial de crescimento.
Além disso, em 2025, há uma atenção crescente à capacidade de adaptação tecnológica, à eficiência no uso de capital e à atração de talentos estratégicos, ativos intangíveis que podem representar boa parte do valor de uma startup, mesmo antes do lucro.
Erros comuns no processo de Valuation
Embora o valuation seja uma ferramenta essencial para decisões de investimento, seu uso inadequado pode gerar distorções sérias. Alguns erros são recorrentes e merecem atenção especial, especialmente em um cenário como o de 2025, com variáveis macroeconômicas mais voláteis e novas metodologias em uso.
Abaixo estão os erros mais frequentes, que se tornaram ainda mais relevantes:
- Projeções irrealistas de crescimento: assumir que a empresa manterá altos lucros por muitos anos pode inflar o valor estimado e esconder riscos futuros;
- Desconsiderar o cenário macroeconômico: ignorar juros altos, inflação ou volatilidade cambial compromete o realismo das premissas e do resultado final;
- Escolher múltiplos inadequados: usar empresas pouco comparáveis ou setores diferentes distorce completamente a análise por múltiplos;
- Negligenciar ativos intangíveis: fatores como marca, software, cultura ou ESG são cada vez mais relevantes — especialmente em setores digitais;
- Não justificar premissas: modelos sem embasamento técnico ou referências tornam o valuation frágil e difícil de defender;
- Ignorar a margem de segurança: comprar ativos próximos ao valuation justo, sem folga para imprevistos, aumenta o risco de perdas;
- Usar métodos contraditórios: aplicar diferentes modelos com premissas incompatíveis gera resultados incoerentes e confunde a análise;
- Superdependência de fórmulas prontas: valuation não é só conta, exige julgamento, contexto e interpretação crítica dos dados.
Evitar esses erros é fundamental para que o valuation cumpra seu papel: servir como um guia confiável na hora de investir. Mais do que decorar fórmulas, o investidor precisa desenvolver senso crítico, atenção aos detalhes e consciência de que, por trás dos números, há sempre incertezas. Um bom valuation não é o mais complexo, mas sim o mais bem fundamentado.
Ferramentas e recursos disponíveis para fazer Valuation
Com a evolução das ferramentas digitais, realizar o valuation de uma empresa se tornou mais acessível e preciso, mesmo para quem está dando os primeiros passos. A Suno oferece conteúdos completos sobre o tema, como cursos práticos e minicursos gratuitos voltados para investidores que desejam aprender a precificar ativos com base em fundamentos.
A plataforma Suno Analítica também reúne dados atualizados, indicadores financeiros e múltiplos de mercado, permitindo que o investidor cruze informações, simule cenários e compare empresas de forma eficiente.
Além disso, o Status Invest, parceiro estratégico da Suno, é um dos sites mais utilizados para consulta de dados fundamentalistas, múltiplos e histórico de indicadores. Ele também disponibiliza ferramentas que ajudam a entender se uma ação está barata ou cara com base em comparações setoriais.
Outras plataformas, como a Bússola do Investidor ou modelos automatizados em Excel e Google Sheets, também são úteis, mas é importante lembrar que nenhuma ferramenta substitui o senso crítico e a boa formação analítica do investidor.
Como é possível perceber, definir o valor justo de uma empresa é essencial e pode ajudar o investidor a identificar momentos oportunos para entrada e saída de investimento em ações e Fundos Imobiliários, por exemplo.
No entanto, dominar a técnica do Valuation não é uma tarefa fácil. Por mais essencial que possa ser esse tipo de análise, muitos investidores podem ter dúvidas sobre como fazer valuation.
Pensando nisso, nós da Suno desenvolvemos um amplo conteúdo voltado para o tema.
Além do minicurso gratuito Valuation e Precificação de Ativos a Suno oferece um curso completo que todo investidor que deseja comprar ações baratas deveria fazer.
No curso Valuation & Precificação de Ativos, os professores Tiago Reis e Marcos Baroni ensinam participantes – seja por meio da comparação de múltiplos, fluxo de caixa descontado, ou Modelo de Gordon – como avaliar o valor intrínseco de uma ação e estipular uma margem de segurança satisfatória para a sua efetiva compra.
O curso é composto pelo seguintes benefícios:
- 12 horas de aula no total;
- 3 horas de aulas teóricas sobre Valuation;
- 20 aulas totalizando 2 horas sobre Contabilidade Para Investidores com acesso Imediato;
- 6 horas de aulas sobre valuation com Tiago Reis;
- 2 horas de aulas sobre valuation de Fiis com o Prof Baroni;
- Grupo premium exclusivo no Facebook para alunos do curso;
- 2 Aulas Ao Vivo Exclusivas.
Utilizar técnicas de valuation é imprescindível para todo investidor que deseja ter sucesso no mercado no longo prazo. A ferramenta é fundamental para que o investidor possa reconhecer as oportunidades que o mercado de capitais oferece e também evitar empresas que estejam muito caras ou com risco mais elevado.
Podemos dizer, portanto, que o valuation é uma ferramenta que serve para que o investidor conhecer o valor real de uma empresa ou de um ativo.
Nesse sentido, o valuation funciona como uma ferramenta de auxílio, que impede que o investidor caia em armadilhas do mercado e pague por um ativo um preço distorcido por fatores alheios à empresa, como especulação, por exemplo.
Esse processo é totalmente relevante, pois o sucesso dos investimentos na bolsa depende da qualidade das aplicações. Por isso é importante escolher empresas boas empresas que possuam vantagens competitivas, uma boa gestão, um balanço sólido, boas margens, e operem de forma rentável e eficiente.
Além de auxiliar nos investimentos em bolsa, o valuation de empresas também pode ser uma ferramenta de gestão. Uma boa análise pode ajudar a definir melhorias de resultados e combater a instabilidade de mercado comum nas atividades empresariais.
No entanto, saber como fazer valuation pode não ser uma tarefa tão simples. Pôde-se perceber, acima, que o processo de se atribuir valor a uma companhia é bastante complexo e, em simultâneo, transparece muita informação em relação às capacidades futuras de um negócio em gerar valor para seus sócios.
Além disso, existem diversas metodologias que podem ser usadas para a avaliação de empresas e cada uma delas é recheada de especificidades. Dessa maneira, é muito importante e totalmente necessário que o investidor busque o máximo possível de informações a respeito do tema.
Uma boa saída pode ser procurar uma bibliografia completa sobre o tema, ou mesmo fazer um curso de valuation. Assim, será possível aprofundar os conhecimentos acerca dessa ferramenta tão útil no mercado.
Conclusão
Saber quanto vale uma empresa é uma das habilidades mais estratégicas para quem deseja investir com segurança e consistência no mercado financeiro. O valuation é a ferramenta que permite enxergar além do preço de tela, identificando se um ativo está caro, barato ou justamente precificado, com base em fundamentos, cenários e riscos.
Embora não exista um número mágico, o valuation bem feito oferece uma bússola confiável para decisões de investimento, fusões, aquisições ou mesmo para gestão empresarial. Com as ferramentas certas, dados atualizados e o conhecimento adequado, qualquer investidor pode aplicar esses conceitos na prática.
O que é valuation?
Valuation, em português “Avaliação de Empresas“, é o processo para estimar o valor justo de uma empresa, também chamado valor intrínseco.
O que é valor de mercado de uma empresa
A maneira mais conhecida no mercado e também a mais fácil para determinar o valor de mercado de uma empresa é calcular o que é chamado de capitalização de mercado. Para chegar ao resultado basta multiplicar a quantidade total de ações em circulação pelo valor da cotação.
O que é valor intrínseco?
Nem sempre a cotação de um ativo no mercado reflete seu valor justo. Isso porque o valor definido pela compra e venda de ações está sujeito a outros fatores que não estão sob domínio da empresa, como crises políticas ou variação no preço de uma commodity, por exemplo.
Qual a diferença entre valor de mercado de valor justo?
Como dito anteriormente, o valor de mercado de uma empresa, de modo geral, é resultado da multiplicação do total de ações em circulação no mercado pela sua cotação.