5 empresas de alta rentabilidade
Para se investir na bolsa da valores obtendo sucesso no longo prazo, embora não pareça muito fácil, não existem muitos segredos, e é algo relativamente simples, mas que infelizmente não é seguido pela maioria dos investidores.
O investidor basicamente deve se concentrar em comprar empresas de qualidade, justamente porque essas empresas tendem a entregar naturalmente uma maior valorização de suas cotações no longo prazo, além de dividendos atrativos, possibilitando ao investidor amealhar uma rentabilidade acima da média no longo prazo.
Mas afinal, o que seria uma empresa de qualidade e como o investidor consegue exatamente identificar se a empresa é boa ou não?
Existem alguns pontos que o investidor deve avaliar antes de decidir comprar ações de uma empresa e que ajudam ele a identificar se trata-se de uma empresa de alta qualidade. Abaixo destacamos alguns desses pontos:
A) Rentabilidade
Empresas de qualidade geralmente se destacam pela rentabilidade que elas possuem e entregam em seus negócios e operações, que geralmente as fazem se destacar em relação a outras empresas, inclusive em relação às inseridas no mesmo segmento.
Boas empresas geralmente possuem métricas de rentabilidade elevada, como o Retorno Sobre Patrimônio Líquido acima da média, um alto Retorno Sobre Capital Investido (ROIC) e margens elevadas.
Como as boas empresas costumam operar de forma mais eficiente que os pares, valorizando os recursos da empresa, realizando apenas alocações de capital eficientes, e geralmente com menos despesas administrativas, custos fixos, e sem endividamento (ou um endividamento saudável), isso se reflete diretamente nas margens dessas companhias, e em suas métricas de rentabilidade.
Como consequência, essas companhias também acabam por lucrar mais, geram bastante caixa e entregam elevados retornos aos acionistas, tanto pela valorização natural de suas ações, quanto pelos dividendos.
B) Barreiras de entrada
Empresas de alta qualidade também criam, naturalmente, barreiras de entrada em seus negócios e segmentos de atuação, visto que boas empresas possuem inúmeras vantagens competitivas, que as fazem destacar-se. Esse fator acaba sendo também uma proteção natural às empresas, reduzindo seus riscos.
Com vantagens competitivas fortes, como por exemplo, grande escala de negócios, marcas fortes, eficientes processos produtivos, patentes e a posse de grandes fatias do mercado (alto marketshare), as boas empresas naturalmente acabam por criar dificuldades para novos players se instalarem e se consolidarem no seu segmento.
Um dos exemplos de barreiras de entradas, que geralmente são criadas pelas boas empresas, que operam em larga escala, é a economia de escala.
A economia de escala pode ser entendida como quando a expansão da capacidade produtiva de uma empresa gera um aumento de produtividade e quantidade de produtos produzidos, mas sem o devido aumento de custo de produção, o que acaba diluindo e reduzindo o custo médio de produção de um produto.
Dessa forma, como essas empresas geralmente operam em grande escala, com economia de custos e maior eficiência, o que gera também competitividade de preços, e ainda assim, margens atrativas, novos players ou possíveis concorrentes, para terem a mesma competitividade, necessitariam também produzir em elevada quantidade, o que naturalmente exigiria grandes investimentos e já uma grande consolidação no segmento, com marcas fortes, entre outros fatores, o que geralmente torna inviável a entrada de novos players no segmento.
É difícil adentrar em um negócio onde já existem algumas poucas empresas muito fortes operando, e que dominam o segmento, com preços muito competitivos, por conta da escala de seus negócios, por exemplo, e com marcas fortes no mercado, e por isso, esses segmentos acabam sendo menos explorados por novos players, ou os que entram, em especial empresas menores, acabam não oferecendo nenhum risco para os negócios já consolidados das boas empresas.
Como resultado, a concorrência acaba sendo menor, o que acaba se traduzindo em margens mais estáveis e elevadas e um menor risco de perda de marketshare.
C) Bom histórico de gestão
A gestão de uma empresa é um dos fatores fundamentais que deve ser levado em consideração na hora de se escolher uma empresa de qualidade e competitiva.
Boas empresas exigem também um bom time de gestão, visto que uma gestão comprometida e que está sempre focada em criar valor aos acionistas, faz uma total diferença dentro da trajetória de uma empresa, colocando-a em um patamar de excelência.
Nem sempre operar em um segmento rentável, perene e de potencial de crescimento é o suficiente para a empresa ser rentável, e o que a coloca acima de seus concorrentes ou de pares do setor, é justamente a qualidade da gestão e suas decisões à frente da empresa.
A qualidade da gestão de uma empresa geralmente pode ser avaliada simplesmente através do histórico de resultados, métricas de rentabilidade e margens. Empresas bem administradas e com um bom time de gestão, são as que normalmente entregam maiores retornos aos acionistas, e também são as empresas que apresentam os maiores níveis de rentabilidade, crescimento de lucros históricos, além de serem muito eficientes, e com um time de colaboradores e empregados igualmente eficientes e altamente produtivos.
Empresas bem geridas também costumam apresentar um histórico interessante de alocação de capital, realizando aquisições bastante rentáveis, que acabam por gerar valor aos acionistas, através de aumento de resultados, mas também sabem que, caso não existam aquisições que façam sentido, o melhor a se fazer pode ser distribuir os recursos aos acionistas através de dividendos.
Além disso, uma outra evidência de uma boa gestão é a estrutura de capital de uma empresa. Empresas bem administradas normalmente possuem uma posição de caixa robusta, e não possuem dívidas, ou se possuem, são níveis de endividamento saudáveis, e geralmente são recursos captados para serem alocados em negócios que geram retornos muito maiores ao custo da dívida, gerando criação de valor aos acionistas.
Já empresas muito endividadas, que captam dívidas para realizarem aquisições e investimentos questionáveis, que acabam por reduzir os resultados da empresa e destruir as margens, normalmente são reflexos de uma péssima gestão.
O investidor deve sempre se focar em comprar empresas com um time de gestão comprometido e de bom histórico à frente da companhia.
Na Prática: Cinco empresas de alta qualidade
Sabemos, no entanto, que reconhecer e identificar todos esses fatores nas empresas pode não ser, na prática, muito fácil, em especial para o investidor iniciante. Por conta disso, separamos cinco empresas que consideramos de alta qualidade e altamente competitivas, para o investidor comprar suas ações.
Itaú Unibanco – ITUB4
O Itaú é um claro exemplo de empresa de alta qualidade, e que alia inúmeros dos pontos que citamos anteriormente, como vantagens competitivas, uma boa gestão e rentabilidade.
Com uma gestão eficiente, uma grande escala de negócios, alta capilaridade da rede Itáu, marca forte, eficiência em suas operações, e um histórico de aquisições muito positivo, o Itaú se destaca em seu segmento e é hoje o banco mais rentável do país, e um dos mais rentáveis do planeta, tendo finalizado 2017 com um ROE recorrente de mais de 23% e um lucro líquido de mais de R$ 24 bilhões.
Reflexo da boa gestão e do ótimo histórico de rentabilidade do banco, as ações do Itaú entregaram um retorno muito expressivo aos acionistas ao longo do tempo, como pode ser visto abaixo.
Ambev S.A – ABEV3
Outro exemplo de empresa que passa tranquilamente por inúmeros filtros de qualidade, é a Ambev, empresa gigante em seu segmento de bebidas, com marcas top of mind, grande marketshare e com operações consolidadas em inúmeros países.
Ao longo do tempo, a Ambev se provou uma empresa extremamente rentável e através de aquisições acertadas, uma gestão eficiente e focada em criar valor, e grandes vantagens competitivas, a empresa gerou muito retorno aos seus acionistas através da valorização das ações, e ainda pagou muitos dividendos.
Com elevadas métricas de rentabilidade, boas margens, e uma operação totalmente consolidada, a Ambev é uma empresa que deve ser sempre considerada pelos investidores que desejam montar uma carteira de ações de empresas de grande qualidade.
Odontoprev – ODPV3
A Odontoprev é a empresa líder em planos odontológicos na América Latina, e hoje possui mais de 6 milhões de beneficiários, sendo mais uma empresa que consideramos de boa qualidade.
A empresa, inserida em um segmento bastante subpenetrado e com um bom potencial de crescimento, visto que hoje apenas 11% da população possui um plano odontológico, o que é um indicador muito menor que o de países desenvolvidos, é também um exemplo de empresa de qualidade, e nos últimos 10 anos, entregou grande crescimento e geração de resultados aos seus acionistas, com grandes parcerias e decisões acertadas em seu ramo de negócios.
Outro destaque da empresa é o seu modelo de negócios atrativo, com alta previsibilidade do fluxo de caixa, sem necessidade de capital de giro e baixa necessidade de Capex, o que torna a empresa uma grande geradora de caixa e boa pagadora de dividendos.
Atualmente a empresa também é líder de mercado, com cerca de 27% do marketshare de beneficiários do segmento odontológico, demonstrando a força de sua marca e de suas operações.
Grendene – GRND3
A Grendene, empresa de destaque do setor calçadista, é uma empresa que também merece atenção de todo investidor que deseja investir em boas empresas.
Com um processo produtivo bastante eficiente, com uma capacidade instalada de 250 milhões de pares de calçados por ano, uma grande escala de negócios, além de possuir marcas fortes e consolidadas no mercado, a Grendene é um ótimo exemplo de empresa que possui grandes vantagens competitivas e que criou grandes barreiras de entrada em seu segmento.
A companhia também possui uma gestão eficiente, possuindo hoje um corpo de diretores bastante enxuto, com apenas três diretores, algo incomum para empresas desse porte, mas que estão sempre focados na geração de valor ao acionista.
Ao longo do tempo as boas decisões da gestão e a competência dos diretores da empresa, permitiu que a empresa entregasse grande crescimento de resultados, além de ganhos de margens e eficiência no processo produtivo, o que torna a Grendene um dos poucos exemplos de empresa que cresce, com ganhos de margens e eficiência.
Bradesco – BBDC4
Um outro grande banco brasileiro que opera com rentabilidade e é um exemplo de qualidade é o Bradesco, que hoje possui mais de 24 milhões de clientes, mais de 1,6 milhões de clientes pessoa jurídica, e é um dos bancos mais lucrativos do país, sendo o terceiro maior banco do país em ativos, com cerca de R$ 1,3 bilhão em ativos.
O Bradesco, assim como o Itaú, citado anteriormente, também opera em larga escala, possuindo operações em todos os estados, através de mais 62,4 mil pontos de atendimento, e possui uma marca forte, com um marketshare de 22,8% em relação ao total de agências do país, e 11% de participação na carteira de crédito no sistema financeiro.
Com uma gestão também comprometida, que realizou ao longo dos anos aquisições estratégicas, como o HSBC recentemente, e parcerias acertadas, os lucros do Bradesco evoluíram de forma consistente ao longo do tempo, o que se refletiu em valorização nas ações e grandes dividendos para os acionistas.
Com a recuperação econômica, a queda das taxas de juros, que naturalmente estimula o crédito, tanto de pessoa física, quanto corporativo, o Bradesco sem dúvidas é um banco muito bem posicionado para capturar o novo ciclo de crescimento econômico e de expansão do crédito.