3 dicas para melhorar seus resultados
A filosofia de investimentos que seguimos não é complexa. Ela é pautada em alguns conceitos simples, mas que são difíceis de aplicar.
Como diz Warren Buffett, investir é simples, mas não é fácil. Isso se deve, majoritariamente, ao fato de sermos humanos e, portanto, de termos emoções que influenciam nossas decisões o tempo todo.
Deste modo, resolvi escrever este texto me baseando em alguns artigos escritos por Vitaliy Katsenelson, CFA e CEO da Investment Management Associates, além de escritor do blog Contrarian Edge, para tentar auxiliar o leitor a manter suas emoções de lado na hora da tomada de decisão sobre investimentos.
Seguindo três dicas simples, o investidor conseguirá melhorar sua performance ao manter a racionalidade quando o assunto é investimento.
Você não tem nada a temer a não ser suas emoções
Existem diversos sentimentos e emoções que conduzem suas decisões diariamente, entretanto, em se tratando do mercado de ações, uma emoção em particular tem efeitos catastróficos: o medo.
Todos sentimos medo, faz parte do ser humano e quanto a isso não temos nada a fazer, entretanto, podemos deixá-lo de fora de nossas decisões, pois este é um sentimento que jamais trará benefícios em se tratando de investimentos.
Não confunda medo com aversão ao risco. O risco é inerente ao investimento e não podemos pensar que o medo limita o risco que o investidor aceita assumir. Isto não é verdade.
Um bom investidor limita seu risco pelo pensamento racional que circunda o investimento. Ele analisa as possibilidades de perda permanente de capital e mensura o potencial de retorno, assumindo determinado risco de maneira racional e consciente.
O medo, no mercado de ações, está ligado, basicamente, a dois eventos. O primeiro é conhecido como FOMO (Fear Of Missing Out). Este é o medo que temos de perder a oportunidade.
Quando vemos o mercado de ações em alta e diversas pessoas comentando sobre seus lucros, imediatamente o sentimento de medo de perder a oportunidade inunda nossos pensamentos, o que muitas vezes nos leva a tomar uma decisão completamente irracional.
Este medo elimina toda a racionalidade da tomada de decisão, encurtando seu horizonte de planejamento e reduzindo consideravelmente a probabilidade de o investimento ser bem-sucedido.
Por outro lado, temos outro tipo de medo, com potencial destrutivo semelhante. O medo de perda. Esse é o medo que leva os pseudoinvestidores a venderem seus ativos financeiros a preços extremamente descontados quando o mercado está em queda.
Lembre-se, a probabilidade de sucesso de seu investimento está relacionada tanto à sua capacidade analítica quanto ao seu estado emocional. Manter a racionalidade na decisão de investimento é fundamental para ampliar as chances de sucesso.
Pare de checar diariamente seu portfólio
Muitas pessoas olham diariamente a cotação dos ativos em seu portfólio. Além de ser uma perda de tempo, isso pode te levar a tomar decisões baseadas em emoções, o que não contribui em nada para sua performance de longo prazo.
Para te ajudar com isso, pense nos agentes econômicos que atuam no mercado de capitais. Devido aos interesses e horizontes de planejamento diferentes, os movimentos diários do mercado de ações são completamente aleatórios, o que é resultado de inúmeras operações com propósitos distintos.
Existem diversos investidores institucionais buscando performance de curto prazo, uma vez que suas carreiras dependem disso. Além deles, temos compradores e vendedores que são algoritmos de computadores, que reagem a variáveis não relacionadas aos fundamentos das empresas. Geralmente, o horizonte destas operações é de milissegundos.
Existem ainda os traders. Estes agentes compram e vendem ações baseando suas decisões em padrões gráficos. Estes agentes não buscam os fundamentos dos ativos que estão negociando.
Também existem os indivíduos que passam mais tempo escolhendo a roupa que vão usar do que estudando a próxima ação que irão adquirir. Muitas vezes essas pessoas compram e vendem ações baseadas no conselho de amigos, vizinhos ou conhecidos.
Apesar de todos estes indivíduos tomarem decisões baseadas em critérios completamente distintos, todos eles influenciam o preço dos ativos. Isso é excelente para os investidores, uma vez que, sem eles, os preços não seriam cotados em patamares completamente distintos do valor justo da ação.
Deste modo, como investidor, ao comprar uma fração de uma empresa, você dedicou diversas horas de pesquisa e estudo que não podem ser ignorados por uma simples variação diária na cotação dos ativos.
Você deve agir com racionalidade, e olhar diariamente para a variação da cotação de seu portfólio não contribui em nada para isso.
Desligue a TV
Como já dissemos anteriormente, os movimentos diários do mercado de ações são aleatórios, entretanto, a mídia sempre utilizará notícias para justificar o movimento do mercado, mesmo que não faça sentido.
Se o PIB apresentar queda e o mercado de ações fecha em baixa, a mídia dirá que foi resultado da queda do PIB, entretanto, se fechar em alta, a mídia dirá que o mercado está antecipando resultados futuros.
Provavelmente, as notícias veiculadas não te auxiliam na análise de seus investimentos, a menos que resultem em criação ou destruição de valor para a companhia. A TV não te ajudará com isso, entretanto, se você deseja saber as notícias que afetam, de fato, sua empresa, você pode buscar no site de RI da companhia pelos fatos relevantes e comunicados ao mercado.
Um dos fatores mais importantes do investimento é a incerteza. Não existe investimento certo e errado, e este é um grande problema da mídia televisiva. Ao sempre possuir uma resposta, a mídia elimina de seu vocabulário as palavras “eu não sei”. Tais palavras são a essência do investimento e qualquer previsão do futuro veiculada na TV não passa de mera especulação.
Portanto, seja racional e não deixe que notícias sensacionalistas afetem seu julgamento na tomada de decisões de investimento. Filtre o ruído das notícias que realmente importam com uma simples pergunta: “como este fato impacta o valor da empresa?”. Você se surpreenderá com o número de notícias irrelevantes que muitos indivíduos utilizam como argumento para fundamentar suas decisões de investimento.