ROE (Retorno sobre Patrimônio): saiba como analisar esse indicador
É comum que muitas pessoas, ao fazerem uma análise superficial dos resultados de uma empresa, procurem saber em um primeiro momento qual foi o lucro líquido do negócio no período, deixando de lado o interesse no ROE (Return On Equity) da companhia.
Entretanto, apesar de a geração de lucro líquido ser uma prioridade em toda empresa, tão importante – ou até mais – quanto esse indicador é a rentabilidade apresentada pelo empreendimento, muitas vezes representado através do seu ROE.
O que é ROE?
O ROE é um indicador que mede a capacidade que uma empresa tem de gerar valor ao negócio e aos investidores com base nos recursos que a própria empresa possui. A sigla ROE vem do inglês “Return On Equity”, que significa em português “Retorno Sobre o Patrimônio Líquido”.
Dito de outro modo, significa o quanto cada R$ 1 aplicado pelos investidores traz em remuneração para eles.
O ROE de uma empresa é mensurado em função do lucro líquido acumulado nos últimos 12 meses dividido pelo patrimônio líquido da companhia.
É importante lembrar que o patrimônio líquido de uma empresa é representado pelos valores que os sócios – leia-se acionistas – têm na empresa em questão em um determinado momento.
O patrimônio líquido pode ser entendido também como a diferença entre o valor do ativo e do passivo, disponível nos balanço patrimonial da empresa.
Já o lucro líquido corresponde à medida de todos os rendimentos menos os custos da companhia.
Assim sendo, ao comparar duas empresas do mesmo setor, que apresentaram lucros iguais no mesmo período, aquela com o menor capital investido, na teoria, é a mais eficiente em gerar retornos aos investidores.
Isso acontece porque, percentualmente falando, ela apresentará um ROE maior que a sua concorrente.
Considerando isso, pode-se concluir que o ROE é um indicador de eficiência de gestão, pois acaba mostrando se a empresa está “aplicando bem” o dinheiro dos acionistas para em seus devidos fins.
Para que serve o indicador ROE?
A principal função do ROE é ser usado como ferramenta no processo de escolha dos ativos que irão compor a carteira do investidor.
Então, se você deseja investir em ações, conhecer esse indicador fundamentalista é importante para fazer uma análise mais acertada sobre os investimentos.
Isso porque, como visto anteriormente, por meio dele é possível comparar a rentabilidade de diversas empresas e decidir por aquela que tem a maior vantagem de investimento.
Sendo assim, quanto maior o ROE, mais eficientemente os recursos de uma empresa estão sendo aplicados. Com isso, o investidor consegue mensurar a performance de uma companhia, fugindo de uma análise superficial.
Então, por meio da análise do ROE fica mais fácil converter os investimentos em lucros.
Para ficar mais claro para que serve o ROE, considere a seguinte situação:
Suponha que, ao analisar o ROE das empresas com ações listadas na B3, você identificou que o ROE de uma delas é superior ao de suas concorrentes.
Então, se elas forem do mesmo segmento, podemos dizer que talvez você tenha encontrado aí uma boa oportunidade de investimento.
Vale destacar ainda que o ROE norteia o investidor quanto a estabilidade e saúde financeira de uma empresa e quanto ao seu potencial de crescimento no longo prazo.
Qual a diferença entre ROE, ROI e ROIC?
Apesar das siglas serem semelhantes, os conceitos de ROE, ROI e ROIC (Return On Invested Capital) são bem diferentes.
Conforme já visto, o ROE é usado para medir o quão eficiente uma empresa é para a capacidade de geração de lucros.
Já o ROIC, sigla que representa as iniciais de “Return On Invested Capital” e pode ser traduzido como retorno sobre o capital investido, tem a função de medir o capital total investido.
Em outras palavras, significa que este indicador contabiliza o capital da empresa e mais o que vem de fora, considerando financiamentos e empréstimos, por exemplo.
Então, o ROIC indica qual é a capacidade da empresa em gerar lucro a partir do capital total investido.
Na prática, ele informa quanto de dinheiro uma empresa é capaz de gerar em razão de todo o capital investido, incluindo os aportes por meio de dívidas.
O ROIC é calculado dividindo-se o NOPAT pelo capital investido. O NOPAT, por sua vez, é o produto do EBIT menos a alíquota de impostos (NOPAT = EBIT x [1 – alíquota de imposto]).
ROIC = NOPAT / Valor contábil do capital investido |
O ROI, por sua vez, é uma métrica que permite identificar o retorno sobre o investimento, tanto de ganho como de perda.
Isso significa que uma empresa que é lucrativa (ROE positivo) nem sempre será a mais rentável (ROI positivo), e vice-versa.
Este índice calcula o rendimento, ou seja, a competência de uma empresa em gerar lucro com seus ativos disponíveis.
Em outras palavras, ao se calcular o ROI é possível mensurar quais foram os ganhos ou as perdas obtidas com os recursos que foram injetados em um determinado investimento.
O cálculo do ROI, assim como os anteriores, é bastante simples. O resultado é obtido pela subtração do ganho obtido com o investimento pelo próprio valor investido, sendo que, em seguida, divide-se esse resultado pelo mesmo valor de investimento.
Para ficar mais claro, acompanhe a fórmula abaixo:
ROI = (Ganho obtido – Investimento) / Investimento |
Vale lembrar ainda que o ROI é uma métrica usada para analisar o retorno sobre qualquer tipo de investimento. Dessa forma ele pode ser usado para projetos de pesquisas tecnológicas, campanhas de marketing, aquisições de título de renda fixa, entre outros.
Como calcular o ROE?
O cálculo do ROE é feito de maneira muito simples, utilizando apenas duas variáveis: lucro líquido acumulado nos últimos 12 meses e valor do patrimônio líquido da empresa.
Acompanhe abaixo a fórmula do ROE:
ROE = Lucro Líquido / Patrimônio Líquido |
Vale lembrar que, ao calcular o ROE, deve ser considerado o lucro líquido relativo ao ano fiscal completo.
Então, deve ser levado em conta o período de tempo tendo como base o intervalo de pagamento dos dividendos a investidores com ações preferenciais e ordinárias.
Sobre o patrimônio líquido, deve ser considerado o valor que os acionistas da empresa possuem em ações da organização.
Outra forma de entender o patrimônio líquido é encontrar a diferença entre os ativos e passivos das demonstrações financeiras publicadas pela companhia em determinado período.
Para ficar mais claro, pegamos o exemplo de duas grandes varejistas do vestuário nacional: Hering e Renner.
Em conformidade com a legislação, ambas fazem a publicação anual sobre o balanço patrimonial, DRE e outros relatórios contábeis.
Os dados abaixo se referem ao ano de 2020, em milhões de reais:
Hering:
- Lucro Líquido = R$ 342,96
- Patrimônio Líquido = R$ 1.662,3
- ROE = R$ 342,96 ÷ R$ 1.662,3
- ROE = 20,63%
Renner:
- Lucro Líquido = R$ 1.096,27
- Patrimônio Líquido = R$ 5.501,32
- ROE = R$ 1.096,27 ÷ R$ 5.501,32
- ROE = 19,9%.
Diante dos valores encontrados podemos concluir que, para a Hering, o valor investido em ações fez com que o patrimônio líquido da companhia aumentasse 20,63% em 2020.
Já na Renner, cada real investido proporcionou aumento patrimonial de 19,9%.
Obviamente, o investidor tem que levar em considerações outros fatores, como o valuation, vantagens competitivas da empresa etc.
Como analisar o resultado do ROE?
O resultado do ROE permite analisar o custo de oportunidade do investimento, ao observar a taxa de retorno do investimento em relação ao patrimônio líquido.
Dessa forma, como a ação é um “ativo de risco”, só valerá o investimento se o papel tiver um “prêmio” que justifique o risco.
Ao fazer uma comparação entre o lucro de duas empresas, por exemplo, às vezes pode ser difícil descobrir qual delas gera mais lucros com o capital que está sendo investido, neste caso o ROE é usado como ferramenta para resolver essa dúvida.
Imagine a seguinte situação:
Duas empresas, com lucro líquido iguais de R$ 100 mil em um determinado período, sendo a primeira com R$ 200 mil em patrimônio líquido e a segunda com R$ 500 mil em patrimônio.
Nesse exemplo, o ROE de cada uma delas seria:
- ROE empresa 1: 100.000,00 ÷ 200.000,00 = 0,5 ou 50%
- ROE empresa 2: 100.000,00 ÷ 500.000,00 = 0,2 ou 20%
No caso acima, na segunda empresa a cada R$ 1,00 investido o ganho é de R$ 0,2.
Em uma análise preliminar, isso pode indicar que, em média, demora cinco anos para que o investidor consiga recuperar o que foi investido, enquanto na primeira empresa isso levaria apenas 2 anos.
Essa métrica de resultado costuma ser muito útil para empresas do mesmo setor, ajudando o investidor a fazer a escolha mais acertada.
Vale destacar ainda que é possível ter um ROE positivo ou negativo.
No caso positivo demonstra que a empresa é geradora de ativos. Por outro lado, caso o ROE seja negativo, a companhia é a companhia dá prejuízo.
Atualmente, analistas de mercado consideram um ROE de 15% como um bom resultado.
Em outras palavras significa dizer que, nesse caso, ele gera 15 centavos de novos ativos para cada real investido originalmente pelo acionista.
Mas é importante ressaltar que é fundamental verificar a progressão do ROE durante períodos anteriores, sobretudo nos últimos 5 anos, para confirmar se a empresa é sólida e robusta.
Outra forma de analisar o resultado do ROE é comparando com o ROE de outra empresa do mesmo segmento, como já dito anteriormente.
O comparativo com o ROE médio de um conjunto de empresas também pode ser usado, desde que o setor contenha muitas empresas, caso contrário as informações podem não ser confiáveis do ponto de vista estatístico.
Roe negativo
Como visto acima, existe a possibilidade de que o ROE apresente um número negativo. Neste caso, isso significa que a companhia não gerou lucro no período.
Dito de outra forma, significa que houve perda de dinheiro a partir de um investimento realizado.
O ROE negativo pode ser resultado de uma gestão administrativa e financeira ineficiente, de modo que a companhia não conseguiu alocar os recursos de maneira correta.
Quando o ROE está negativo, é um sinal de alerta, pois a empresa está operando no prejuízo. Nesse sentido, a administração deve tomar atitudes para reverter esse cenário, seja mudando a sua estratégia comercial, ou até cortando custos.
Quais são as limitações do indicador ROE (return on equity)?
Conforme já visto, podemos concluir que o ROE é um dos indicadores fundamentalistas mais usados para identificar as melhores oportunidades de investimento.
No entanto, vale ressaltar que no processo de escolha para compor os ativos de sua carteira, o ROE não pode ser o único recurso utilizado.
Então, para uma análise completa é importante considerar uma série de outros fatores ligados à empresa, que permitirão um conhecimento mais aprofundado da companhia e, consequentemente, uma decisão mais acertada.
Por exemplo, inicialmente uma empresa pode parecer atraente por possuir um ROE elevado, no entanto, ele pode não ser sustentável no longo prazo, dado o aumento da competição, deterioração do ambiente de negócios etc.
Qual a importância do ROE para as empresas?
Dentre os mais diversos medidores de desempenho das empresas, o ROE pode ser destacado como um dos mais importantes.
Além de ser essencial no processo de tomada de decisão do investidor individual, ele é importante também para as empresas.
Isso porque, por meio do ROE é possível compreender quanto a empresa conseguiu lucrar, dado o patrimônio líquido atual, naquele período.
Mas vale destacar que um ROE alto não necessariamente significa que a empresa apresenta um grande retorno e sim que ela é mais eficiente ao obter lucros.
Para ficar mais claro, suponha que a companhia “A” tenha R$ 8 milhões de patrimônio e um lucro líquido de R$ 700.000. Neste caso, o seu ROE é de 8,75%.
Já outra empresa “B”, do mesmo segmento, tem patrimônio R$ 4 milhão, lucro líquido de R$ 400.000 e um ROE de 10%.
Nesse exemplo, apesar de a companhia “A” possuir um lucro líquido maior, ainda assim ela é menos eficiente em relação à empresa “B”.
É necessário sempre reforçar que, conforme salientado anteriormente, numa análise de investimento, nunca se deve levar em consideração apenas um indicador. Então uma pesquisa conjuntural da situação se faz sempre necessária nesse aspecto.
Analisar empresas é uma arte, e o ROE tem a capacidade de conceder um retoque final requintado nesse processo.
Para que serve o ROE?
O ROE é um indicador que mede a capacidade que uma empresa tem de gerar valor ao negócio e aos investidores com base nos recursos que a própria empresa possui.
Essa métrica pode ser usada tanto por administradores de empresas, gestores de investimentos ou investidores em geral.
O que é um bom ROE?
Atualmente os principais gestores do mercado consideram um bom ROE aquele acima de 15% ao ano. No entanto, esse valor não é taxativo, servindo apenas como parâmetro de análise.
Além disso, é importante frisar que, para efeitos de comparação, utiliza-se sempre empresas do mesmo segmento.
Como se calcula o ROE?
O cálculo do ROE é feito de maneira muito simples, utilizando apenas duas variáveis: lucro líquido acumulado nos últimos 12 meses e valor do patrimônio líquido da empresa, conforme a seguinte equação: ROE = Lucro Líquido / Patrimônio Líquido.
Como se calcula o ROA?
O ROA é uma métrica que analisa o quanto uma empresa é rentável em relação aos seus ativos.
Para chegar ao resultado do ROA de cada empresa basta dividir o lucro líquido pelo total de ativos e multiplicar por 100.
Como calcular o índice de endividamento?
Para descobrir qual é o índice de endividamento é preciso conhecer o total de capital de terceiros (passivos de curto e de longo prazo) e dividi-lo pelos ativos da empresa.
Na sequência deve-se multiplicar o resultado por 100 para obter o valor percentual.