Ações “vacas leiteiras”: o que são e como encontrá-las?
Na hora de encontrar oportunidade de investimentos na bolsa de valores, muitos investidores procuram companhias classificadas como ações “vacas leiteiras”. Afinal de contas, elas possuem longos e comprovados históricos de excelentes retornos para seus acionistas.
Além do rendimento superior, as ações vacas leiteiras ainda são capazes de oferecer um fluxo de caixa através de proventos que são muito valorizados pelos investidores no mercado. Por isso, é fundamental conhecer melhor esse tipo de empresa e suas características.
O que são as ações vacas leiteiras?
As vacas leiteiras são as ações de empresas conhecidas pela alta distribuição de proventos aos seus acionistas. Sendo que essas distribuições podem ocorrer por meio de dividendos ou de juros sobre capital próprio (JCP).
Essa classificação surgiu a partir da Matriz BCG, criada pelo empresário referência em gestão empresarial Bruce Henderson. Inicialmente, a matriz foi desenvolvida para analisar o posicionamento de produtos de uma determinada marca.
Depois, a metodologia de gestão empresarial do empresário foi importada para o universo de investimentos. Assim, ao invés de analisar o posicionamento de produtos nos mercados, a matriz passou a ser utilizada pelos profissionais do mercado financeiro para fazer análise de empresas, principalmente daquelas com capital aberto na bolsa.
Basicamente, a Matriz BCG é dividida em quatro classificações:
- Estrela;
- Vacas leiteiras;
- Ponto de interrogação;
- Abacaxi (ou cachorro).
Cada uma dessas classificações considera diferentes posicionamentos das empresas em duas vertentes: taxa de crescimento e participação no mercado. No caso das vacas leiteiras, essa taxa é baixa, enquanto o market share é alto.
Em outras palavras, elas possuem um crescimento, medido pelo CAGR (Compound Annual Growth Rate) baixo, enquanto a participação no mercado é elevada. Mas por que e como investir nas vacas leiteiras?
Como investir em ações vacas leiteiras?
Para aqueles que desejam saber como investir nas vacas leiteiras, é preciso destacar que não existe, exatamente, um investimento que aplique nessas empresas. Afinal, a análise se uma empresa está, ou não, nessa classificação é um pouco subjetiva e pode depender da avaliação de cada analista.
No entanto, uma alternativa para começar a selecionar essas companhias é encontrar as empresas que possuem as suas características. Principalmente, os altos indicadores de pagamentos de dividendos.
Afinal de contas, como será demonstrado a seguir, os índices de distribuições de proventos das organizações que possuem essa classificação costumam ser altos. Não é à toa que as vacas leiteiras costumam estar presente na bolsa de valores no índice de dividendos (IDIV).
Características das ações vacas leiteiras
Depois de compreender um pouco mais sobre a Matriz BCG e sobre o que são as vacas leiteiras, é preciso prosseguir para o próximo passo. Isto é, conhecer quais são, de fato, as características das empresas vacas leiteiras.
Abaixo, portanto, os principais pontos em comum das companhias classificadas como vacas leiteiras:
- Baixo crescimento do mercado de atuação;
- Alto market share;
- Elevadas distribuições de proventos;
- Risco reduzido.
Baixo crescimento do mercado de atuação
A primeira característica das vacas leiteiras é o baixo crescimento do mercado em que elas atuam. Assim, normalmente são ramos maduros da economia, em que empresas atuam e concorrem há mais tempo e em que o desenvolvimento e crescimento maior já passou.
Entre esses setores estão, por exemplo, as companhias do setor elétrico e bancário. Afinal, esses são segmentos econômicos bastante antigos e em que as empresas já conseguiram atingir um certo patamar de maturidade, quando o crescimento é naturalmente mais limitado.
Alguns exemplos de vacas leiteiras desses setores são:
- Setor bancário: Itaú (ITUB3), BB Seguridade (BBSE3), Banco ABC (ABCB4);
- Setor elétrico: Engie (EGIE3) e Taesa (TAEE11).
Destaca-se, ainda, que o aspecto do crescimento do mercado é um dos dois fatores determinantes na classificação na Matriz BCG. No caso, ele é avaliado no eixo X do gráfico, em que as companhias podem ser classificadas com um crescimento alto ou baixo, sendo esta última hipótese o caso das vacas leiteiras.
Alto market share
Outra característica inerente das vacas leiteiras é o alto market share, sendo este indicador referente à participação da empresa no mercado. Na prática, essa fatia de participação independe da variável de crescimento, abordada no tópico anterior.
E é justamente com base nessas variações de hipótese entre taxa de crescimento e participação de mercado que surgem as quatro classificações da matriz BCG. No caso dessas empresas, além do crescimento baixo do setor, a fatia de mercado é alta.
Assim, além de serem companhias que não crescem tanto pelo baixo crescimento do setor, elas também possuem tamanho limitado ao seu próprio posicionamento, que já é grande no mercado.
Apesar desse aspecto limitante, o alto market share das vacas leiteiras acarreta em grandes vantagens. Entre elas, a economia de escala e também o maior poder de barganha da empresa com seus fornecedores — uma das 5 Forças de Porter.
Elevadas distribuições de proventos
A terceira característica em comum das empresas classificadas como vacas leiteiras é a elevada distribuição de proventos aos seus acionistas. Sendo que isto é feito por meio dos dividendos periódicos e dos JCP (juros sobre capital próprio).
Esse fato está diretamente ligado às duas primeiras características dessas empresas: o baixo crescimento do mercado e o alto market share. Afinal, com base nesses dois pontos a administração das empresas prioriza a distribuição dos proventos aos acionistas.
Isso porque os proventos distribuídos fazem parte do lucro auferido pela companhia, sendo que existem duas opções do que fazer com este recurso: reinvesti-lo ou distribuí-lo aos acionistas.
No caso das vacas leiteiras, a opção de reinvestimento é menos considerada, já que o market share da companhia já é alto em um setor de baixo crescimento. Assim, a alternativa de distribuição do lucro líquido aos sócios se torna mais atrativa.
Por isso, uma forma de identificar vacas leiteiras nas opções de empresas de capital aberto para investir na bolsa de valores é analisar os indicadores de distribuição de proventos. Entre os principais deles:
- Payout financeiro: percentual do lucro distribuído aos sócios em um período;
- Dividend yield: percentual dos proventos distribuídos em relação ao preço da ação.
Vale destacar, ainda, que devido aos altos indicadores de dividendos das vacas leiteiras, elas costumam apresentar um excelente histórico de rentabilidade financeira. Um exemplo de vaca leiteira seria a Taesa (TAEE11), que sempre apresentou características dessa classificação e que acumulou um retorno histórico impressionante, demonstrado abaixo:
Menor risco
Por fim, outra característica das vacas leiteiras é o menor risco que elas possuem em relação às companhias das demais classificações da matriz BCG. Isto porque, devido à maturidade do setor e da alta participação de mercado, essas companhias acabam tendo resultados mais previsíveis.
Essa previsibilidade, obviamente, reduz o risco do investimento nas ações dessas empresas, já que um dos pontos inerentes ao risco é a falta de previsibilidade de um resultado futuro. No risco das vacas leiteiras, esta variável é limitada, o que é traduzido em resultados mais constantes e previsíveis.
E então, conseguiu compreender melhor o que são e quais são as características das vacas leiteiras? Deixe abaixo suas dúvidas e comentários sobre esse tipo de empresa.