Analisando o potencial de crescimento de uma empresa
Quando estamos analisando uma empresa, é de suma importância estudar profundamente o potencial de crescimento da companhia para que as premissas adotadas nas projeções futuras não sejam irreais.
Você deve estar se perguntando: por que o crescimento da empresa é importante?
Uma empresa que não consegue acompanhar o crescimento do setor, geralmente, perderá força no mercado tanto em relação a clientes, quanto em relação a fornecedores e parceiros.
Como todas as regras, existem exceções, entretanto, na maioria dos casos, empresas saudáveis em termos de finanças e gestão, tendem a crescer, no mínimo, acompanhando o crescimento do setor em que estão inseridas.
Setores mais maduros, como o automobilístico ou o imobiliário (construção civil), geralmente possuem crescimento mais lento do que setores menos maduros como o de tecnologia.
Dentro de um setor, empresas que sustentam vantagens competitivas, tendem a crescer consistentemente acima do crescimento do setor ou de seu segmento de atuação.
Tais empresas, quando bem geridas, ganham força no mercado ao longo dos anos, apropriando a maior parte dos lucros da cadeia de suprimentos.
Apesar disso, a relação entre crescimento e valor não é linear. Para que o crescimento resulte em geração de valor para o acionista, a empresa deve manter a capacidade de remunerar o capital investido além do custo de capital, isto é, os investimentos realizados pela companhia devem gerar retornos maiores do que o custo incorrido pela captação dos recursos necessários ao investimento.
Entendida a importância do crescimento da empresa para o acionista, é necessário explicar agora como estudar o potencial de crescimento. Existem três pontos fundamentais que devem ser analisados.
Crescimento histórico
Como sabemos, o histórico de resultados da empresa não pode ser utilizado como garantia de resultados futuros, entretanto, os dados operacionais podem contribuir muito para que o investidor compreenda a gestão do crescimento da companhia.
Quando olhamos para o crescimento das receitas, dos lucros e da rentabilidade, podemos ter uma referência da capacidade da gestão em planejar e administrar o crescimento de forma sustentada.
Os fluxos de caixa nos mostram os investimentos que a empresa realiza, indicando se a companhia se projeta para o crescimento ou apenas se dedica a manutenção das atividades atuais.
O crescimento da empresa não depende exclusivamente de suas atividades e investimentos. Empresas em setores com demanda crescente possuem um potencial de crescimento maior do que empresas em setores com demanda estável.
Uma empresa que produz sal de cozinha, por exemplo, não experiencia crescimento da demanda em momentos de crescimento econômico. Empresas que atuam no setor de aviação, por outro lado, vivenciam crescimento significativo da demanda e dos lucros em momentos de expansão econômica.
Deste modo, quando analisamos o potencial de crescimento de uma empresa, é necessário olhar também para o potencial de crescimento do setor.
Potencial de crescimento do setor de atuação
Como comentado brevemente no item anterior. Não basta que uma empresa realize pesados investimentos para crescer. Empresas que atuam em setores de crescimento lento ou setores em decadência, na maioria dos casos, não conseguem crescer em ritmo acelerado.
No caso do setor de construção civil, por exemplo, pela maturidade do setor, o crescimento orgânico das empresas é lento e, para uma empresa crescer a taxas muito elevadas perante a concorrência, ela deve recorrer ao crescimento inorgânico.
A companhia poderia executar tal estratégia através de fusões e aquisições, além de expandir sua operação para outras geografias ou diversificar suas atividades.
Caso a empresa cresça organicamente, espera-se que em setores maduros, a companhia esteja alinhada com a taxa de crescimento do setor.
Considerando o crescimento inorgânico, a empresa precisa realizar pesados investimentos e, para isso, é necessário que a companhia tenha grande capacidade de gerar caixa ou de captar recursos para investir.
Capacidade de atrair investidores e realizar investimentos
Mesmo que não realize investimentos com frequência, quando a empresa demonstra capacidade para investir, ela sinaliza que poderá crescer quando a oportunidade de investimento surgir.
A capacidade de investir está intimamente relacionada à capacidade da companhia em gerar consistentes fluxos de caixa operacionais e de captar recursos junto a credores e acionistas.
Para analisar a geração de caixa operacional da empresa devemos olhar para a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC). Na DFC, podemos ver tanto o fluxo de caixa operacional, quanto o fluxo de caixa de investimentos.
É importante analisar os dois pontos e comparar o fluxo de caixa de investimentos com a depreciação e amortização da empresa. A depreciação e amortização podem ser vistas como as métricas de desgaste dos ativos imobilizados e intangíveis.
Quando o fluxo de caixa de investimentos é menor do que a depreciação, a companhia não está investindo o suficiente para repor o desgaste de sua infraestrutura. Quando o investimento é superior, geralmente a empresa está investindo visando o crescimento.
Além disso, para estudar a capacidade de captação de recursos da empresa, devemos olhar dois pontos. A rentabilidade consistente garantirá a possibilidade de captação de recursos junto a acionistas, enquanto os credores buscam empresas com capacidade de pagamento de dívidas, logo, com fluxos de caixa operacionais sólidos e liquidez suficiente para honrar com os compromissos onerosos.