O que as empresas fazem com os lucros?
Para o investidor de longo prazo, é extremamente importante se atentar pro destino que a empresa dá a seus lucros. A alocação deste recurso determinará o futuro da companhia em termos de resultados e crescimento.
Tendo em vista que o objetivo de qualquer empresa é maximizar a geração de valor para o acionista, a organização pode destinar os lucros de suas atividades para basicamente quatro finalidades.
Em primeiro lugar, a companhia pode optar por distribuir seus lucros aos acionistas. Tal distribuição pode ocorrer na forma de dividendos ou na forma de Juros Sobre o Capital Próprio (JCP).
Dividendo é a forma de remuneração ao acionista na qual a companhia distribui parte dos lucros líquidos auferidos no exercício social aos detentores de participação na empresa. Cada classe de ação terá sua peculiaridade no recebimento de dividendos.
JCP também é uma forma de remuneração ao acionista, porém esta se dá de maneira um pouco diferente. Enquanto os dividendos são contabilmente parte dos lucros líquidos, o JCP entra como despesa na contabilidade da empresa, deste modo, ele reduz o lucro tributável e trás um benefício fiscal para a companhia.
Como não incide IR sobre as despesas da companhia, o JCP é tributado quando o acionista é remunerado. Em relação aos dividendos, não há incidência de IR, entretanto, como os dividendos representam parcela do lucro líquido, estes são tributados ainda na empresa.
A alíquota de tributação sobre o JCP é menor do que o tributo sobre o lucro da empresa, portanto é interessante que a organização distribua proventos na forma de JCP.
Entretanto, o governo define uma taxa limite para a distribuição de JCP através da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) sobre o Capital Social. Com essa limitação, as empresas distribuem parte dos lucros na forma de dividendos.
O segundo destino que os lucros da empresa podem ter é a recompra de ações (“Buyback”). Tal evento ocorre quando a administração entende que o buyback é a medida que maximizará a geração de valor para o acionista no longo prazo.
A recompra de ações aumenta a participação dos acionistas na empresa e, portanto, nos lucros. Caso a administração julgue que as ações da empresa estão subvalorizadas, a organização pode recomprá-las com o objetivo de ajustar sua estrutura de capital.
Em terceiro lugar, a empresa pode investir em ativos. Muito comum em empresas de capital intensivo que necessitam de reinvestimentos massivos para a manutenção da operação, esta medida é adotada quando os retornos dos projetos da companhia são maiores do que o custo de capital. Assim, para empresas em estágio de maturidade, o CAPEX de manutenção das operações deve ser compensado pelos retornos provenientes das mesmas.
Empresas cuja estratégia de crescimento é sustentada por aquisições também retém boa parte dos lucros para tais projetos.
Por outro lado, temos a Souza Cruz. A empresa atua no setor do tabaco. Com pouca diferenciação de produto e diversas restrições de marketing, a empresa apresenta poucos projetos internos com elevada rentabilidade.
Deste modo, a organização ficou amplamente conhecida pela distribuição elevada de dividendos. Em 2015, a empresa fechou o capital e deixou de ter suas ações negociadas na bolsa de valores.
Por fim, o quarto destino possível para os lucros da empresa é o pagamento das dívidas. Muitas vezes, as organizações optam por amortizar o principal de compromissos onerosos numa tentativa de desalavancar a operação. Empresas que operam com elevado endividamento podem ter seus fluxos de caixa comprometidos pelas despesas financeiras.
Recentemente, a Petrobras anunciou o pré-pagamento de notas de crédito à exportação, que venceriam em 2022. A ação da empresa visa aprimorar o perfil de amortização e custo da dívida, numa tentativa de desalavancar a companhia, estratégia prevista em seu Plano de Negócios e Gestão.