URV: entenda o papel da Unidade Real de Valor dentro do Plano Real
Há quase 20 anos, no dia 27 de fevereiro de 1994, o governo brasileiro aprovava a medida provisória de número 434, da qual criaria a famosa Unidade Real de Valor (URV).
A Unidade Real de Valor fez parte da vida dos brasileiros por muito tempo, sendo uma das principais políticas monetárias que garantiram o sucesso de Plano Real.
O que foi a Unidade Real de Valor (URV)?
A Unidade Real de Valor (URV) foi uma espécie de moeda paralela que convertia preços e valores em um novo padrão monetário, para tentar controlar a inflação da economia. A URV foi lançada no período de transição entre o Cruzeiro Real e o Real, para servir como uma espécie de estágio para a implementação da nova moeda.
Ou seja, o grande papel da URV era garantir uma estabilização dos valores dos produtos, funcionando como uma referência de preços, embora ela sofresse uma variação diária.
A implantação da Unidade Real de Valor se baseou muito no caso da hiperinflação Alemã de 1923, onde um movimento semelhante foi feito pelas autoridades monetárias.
Passagem do URV para o Real
Em meados dos anos 90, o Cruzeiro Real estava passando por um processo de corrosão, apresentando uma inflação de 40%.
Sendo assim, a equipe de economistas do presidente Itamar Franco decidiu lançar o Plano Real — um programa de combate à inflação que, basicamente, teve três etapas:
- Período de equilíbrio das contas públicas, com redução de despesas e aumento de receitas;
- Criação da URV para preservar o poder de compra da massa salarial;
- Lançamento do novo padrão monetário chamado Real.
Desse modo, quando a URV chegou, ela veio vinculada à taxa de câmbio, pois era uma unidade de valor protegida contra a inflação, tornando-se uma moeda estável.
Como funcionava a URV?
A URV era uma moeda escritural, o que em outras palavras significa que ela não existia fisicamente. Ou seja, ela só foi de fato substituída pelo Real no dia 1° de julho de 1994.
No momento da conversão das moedas, CR$ 2.750, o último valor da URV, tornou-se o equivalente a R$ 1.
Na época, o cálculo da URV fez até fez surgir um neologismo, conhecido como a “urvização”, que virou até verbete no Dicionário de Economia.
A implementação dessa estratégia se fez com bastante êxito. Isso porque conseguiu derrubar a inflação sem a necessidade de medidas drásticas, como congelamento de preços, ao contrário do que ocorreu em outros planos econômicos anteriores.
Muito por conta disso, essa estratégia tenha dado certo. A ideia de utilizar uma moeda transitória era tida como um movimento sofisticado, pois tratava-se de uma troca muito menos brusca.
Outras medidas paralelas a URV
Porém, é importante ressaltar que a URV foi responsável sozinha pela estabilização ao mudar de uma moeda para a outra.
Após a implementação do bem-sucedido plano, o governo passou mais seis anos fazendo um grande número de reformas estruturais e de gestão pública de modo a dar sustentação à estabilidade econômica.
Desse modo, medidas como privatizações, criação de agências reguladoras, Lei de Responsabilidade Fiscal, entre outras reformas foram feitas.
Logo, para estabilizar a moeda brasileira, medidas de equilíbrio fiscal eram necessárias. A justificativa para isso era que a máquina administrativa do governo era muito grande e consumia muitos recursos.
Dessa forma, como o país não produzia o suficiente em impostos para dar conta desses gastos, enormes déficits orçamentários eram criados com essa política de gastos desenfreados.
Portanto, para a URV e, posteriormente o Plano Real, ter tido sucesso em sua implantação, foi necessário todas essas reformas estruturais na economia brasileira da época.
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