Radar do Mercado: Via Varejo (VVAR11) – Seguindo tendência do setor, companhia comunica investimento em inovação tecnológica
A Via Varejo comunicou ontem (12) aos seus acionistas e ao mercado em geral que celebrou contratos com a CarrierEQ, Inc. d/b/a/ Airfox e sua subsidiária brasileira, a AirFox Brasil, para que a AirFox desenvolva uma solução tecnológica de mPOS (Mobile Point of Sale) que permitirá aos clientes da companhia autenticarem e digitalizarem suas faturas, bem como que realizem o pagamento digital do carnê Casas Bahia diretamente por meio de aplicativo móvel.
Segundo o informado, esta solução disponibilizará, também, outras funcionalidades digitais por meio de uma carteira virtual, tais como : i) a possibilidade de pagamento de contas (água, luz, gás, internet, telefone, entre outras), ii) cobrança e recebimento de valores diretamente na carteira virtual do usuário, iii) recargas instantâneas de celular pré-pago e de cartão de transporte público, iv) realização de transferência de crédito e recursos para outros usuários, inclusive via QR code, v) autenticação de usuário por biometria facial e vi) realização de transações em plataforma P2P Lending.
“Por fim, a companhia manterá seus acionistas e o mercado informados acerca dos desdobramentos relativos ao desenvolvimento deste novo produto e dos contratos objeto deste fato relevante”, finalizou a Via Varejo em seu comunicado.
Como complemento à notícia acima destacada, vale destacar que essa é uma alternativa de solução coerente para a atual conjuntura da companhia, haja vista que a Via Varejo possui uma extensa base de clientes que usufruem do crediário por ela oferecido e, por conta disso, o desenvolvimento da carteira virtual, cuja implantação completa está prevista para fins de 2019, pode lhe trazer vantagem competitiva com as novas oportunidades a serem exploradas.
Adicionalmente, a companhia garantiu ainda a opção de compra de até 80% do capital social da AirFox, válida pelo prazo de até 3 anos e sujeita a determinados ajustes de preços e atingimento de condições usuais em transações dessa natureza.
É interessante ressaltar, também, que a Via Varejo emite mensalmente mais de trezentos mil carnês aos clientes dentro de suas lojas.
Dessa maneira, o novo sistema possibilitará a redução significativa dos custos de emissão e aumentará consideravelmente a experiência do cliente, além de fornecer um serviço diferenciado tanto digitalmente quanto nas lojas.
Para fornecer maior liquidez aos recursos depositados na carteira virtual do usuário, a companhia oferecerá à sua base de clientes um cartão físico pré-pago anexado ao aplicativo. O saldo disponível será vinculado diretamente à carteira do usuário e poderá ser utilizado em transações nas Casas Bahia e outros estabelecimentos comerciais.
Já no que diz respeito à AirFox, a mesma fica baseada em Boston, e foi fundada pelo brasileiro Victor Santos e incubada no Laboratório de Inovação de Harvard com o objetivo de levar acesso móvel de capital e serviços financeiros a pessoas desbancarizadas no Brasil e em outros países, por meio de tecnologia de ponta e uso de blockchain.
Apesar de ser essa uma notícia positiva para e que pode proporcionar, de fato, uma melhoria de performance da companhia, dado que é uma iniciativa que tende a impactar positivamente na experiência de seus clientes, seguimos cautelosos não só em relação à Via Varejo, somente, mas sim em relação ao varejo, como um todo.
Com a ampliação das operações da Amazon no Brasil – que começou também a vender no mês passado (marketplace) artigos de moda e esportes no país – existe aí uma grande dúvida sobre qual será o futuro do segmento no médio prazo.
O varejo já se caracteriza, historicamente, por atuar com margens baixas.
Com um player dessa magnitude ampliando suas operações no país, a dúvida que fica é de até que ponto as demais companhias do setor conseguirão se equiparar com a excelência do serviço prestado pela Amazon aos seus clientes.
Obviamente que, em um cenário dessa natureza, quem ganha é o consumidor, dado que a qualidade dos serviços prestados deverá aumentar em um contexto geral do setor.
Contudo, na ótica de acionistas, preferimos assistir a certa distância a todo o início dessa “batalha” que se mostra cada vez mais real.
Por conta disso, seguimos de fora de Via Varejo.